terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A China está preparada para aceitar o desafio de qualidade?

        O desafio do país é equilibrar a qualidade e a produção de baixo custo
                            
                          Porto da cidade de Shenzhen, na China


                      

Atormentada pela revolta dos consumidores e pelas punições mais rigorosas para a pirataria, falsificação e contaminação, a China se esforça para superar sua fama de fabricante de produtos de má qualidade. Os escândalos envolvendo os alimentos e os medicamentos contaminados, e os brinquedos envenenados pela tinta a base de chumbo, fizeram da qualidade uma prioridade para o governo chinês.


Embora o governo esteja criando agências reguladoras mais fortes e elaborando normas mais rigorosas, a fiscalização irregular significa que tanto as fornecedoras chinesas quanto os compradores estrangeiros terão de se encarregar do controle de qualidade. O desafio para as fabricantes chinesas é investir no controle de qualidade e nos processos de produção sem perder a vantagem delas como produtoras de baixo custo. Quanto às parceiras com empresas estrangeiras, o desafio parece mais simples: estabelecer e impor pontos de referência de qualidade efetivos.

Nesse artigo, parte de um relatório especial sobre o sistema de fabricação chinês, especialistas do Boston Consulting Group (BCG) e da faculdade de administração Wharton examinam como os padrões de qualidade estão sendo aplicados e como as fabricantes chinesas e suas parceiras de negócios estrangeiras podem alcançar essas metas.

Suposições Erradas

O desafio de qualidade da China começa com suposições e percepções erradas dos dois lados, atribuídas em parte à velocidade com que muitas empresas de países desenvolvidos adotaram a terceirização. O resultado foi uma inescapável “troca entre custo e qualidade” diz David Lee, sócio e diretor administrativo do escritório da BCG em Pequim, e especialista em rede de fornecimento e compras. Ele lembra quando os executivos de uma fabricante de rolamento de esferas ofereceram três tipos de preço: alta qualidade a preços altos, “qualidade aceitável” a preços mais baixos, e, pelo menor preço, “algo que vai girar e não enguiçar quando chegar ao cliente”.

Os compradores estrangeiros com frequência cometem erros estratégicos que acabam prejudicando a qualidade. Por exemplo, muitos pedem para os gerentes de compras dirigirem as negociações de contratos com os fornecedores, diz Benjamin Pinney, chefe do escritório da BCG em Xangai. “Eles têm uma mentalidade de comprador e se concentram apenas nas negociações de preços, e essa é uma transação que dispensa uma maior aproximação”, ele diz. Já que suas expectativas estão baseadas nas suas experiências com os fornecedores domésticos, eles nem sempre seguem os vendedores chineses para monitorar os processos de produção e os testes de qualidade.

Esses entusiasmos pelas transações que economizam custos podem tolher a habilidade dos compradores de medir corretamente os riscos ou de entender o contexto de se operar na China. “As empresas tinham urgência, trabalhavam com quaisquer fornecedores disponíveis ou seguiam pelo tato, sem saber no que estavam se metendo”, diz Pinney. Com pouco a perder, os fornecedores chineses concordavam prontamente em respeitar os padrões de qualidade. “Na grande corrida para a China nesses últimos dez anos, os atores de ambos os lados do muro foram incompetentes”.

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