segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Transitamos do individualismo para a alteridade organizacional

Fonte: Aberje

Numa nova configuração de paradigmas, as organizações – públicas, privadas, entidades de classe e outras – devem se enxergar como parte do organismo social e reconhecerem nele um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO (econômico, social e político) de acordo com o segmento em que atuam, assim como identificarem o impacto causado aos seus públicos de interesse. 


Nesta nova conjuntura, hoje denominada de “SOCIEDADE EM REDE1”, imagens organizacionais não se sustentam por muito tempo se forem antagônicas às suas identidades.  Estas, por sua vez, devem ser construídas com ALTERIDADE, ou seja, respeitando os valores, especificidades e a cultura de seus stakeholders. Para isso, é necessária uma DIALÉTICA COMPENSATÓRIA com todos eles, imprescindível para agregar valor organizacional e consolidar resultados duradouros. “A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas. DEVEMOS ESPECIALMENTE RECONHECER QUE SOMOS UMA CULTURA POSSÍVEL ENTRE TANTAS OUTRAS, MAS NÃO A ÚNICA.” François Laplantine2.

  “Não há nessa nação nada de bárbaro e de selvagem, pelo que me contaram, a não ser porque cada qual chama de barbárie aquilo que não é de costume; como verdadeiramente parece que não temos outro ponto de vista sobre a verdade e a razão a não ser o exemplo e o modelo das opiniões e os usos do país em que estamos".  Michel de Montaigne3.

É primordial que a comunicação, seja ela a institucional ou a mercadológica, esteja alinhada ao modelo de gestão. A ideia é a conexão aliada à ação de forma ubíqua a todos os setores ou áreas organizacionais, com o objetivo de transmitir uma mensagem uníssona. Como num quebra-cabeça, só se chega à perfeição, ou melhor, mais próximo dela, se as peças estiverem conectadas.Sendo assim, esse SISTEMA tem como prioridade agregar valor aos produtos e serviços das organizações, como reflexo da marca ou identidade institucional, aumentando a credibilidade frente aos seus stakeholders. Não se trata somente de estratégia e de potencial competitivo, mas da antecipação em relação à MUTAÇÃO CULTURAL AXIOMÁTICA.    

market share, nos dias de hoje, não é mais tão dependente somente da qualidade dos produtos, serviços e publicidade, mas da capacidade de se projetar frente aos anseios dos públicos de interesse muito mais informados e conectados à complexidade do funcionamento organizacional. É cada vez mais comum vermos minorias sociais saírem de seu lugar comum de submissão e da condição de DEVEDORAS perante as organizações, para o papel de CREDORAS POTENCIAIS de uma nova configuração que beneficie a sociedade como um todo. Nessa conjuntura só sobreviverão aquelas que se alinharem a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO que concilie o retorno financeiro às demandas sociais e ambientais. A velha proposição – “A população geral não sabe o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe.” Noam Chomsky4 – não é tão condizente à realidade atual.   

Referências: 
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede Vol.1.  13º ed. Paz e Terra, 2010. 698p. BONDER, Nilton. Tirando os sapatos. Editora Rocco, 2013. 256p.  
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O conceito de SOCIEDADE EM REDE defendido por Manuel Castells não é uma mera soma dos conceitos de sociedade com o de rede e sim o resultado da mediação das afinidades com as tecnologias, o que vai permitir e/ou manter em comunicação, em tempo real, pessoas e grupos de pessoas independentemente da sua localização geográfica, tempo e traços de união. Um conceito que está diretamente atrelado a uma nova percepção do espaço/tempo.

2 Laplantine François, nascido em 1943, é um pesquisador francês em etnologia e antropologia de renome internacional. Seu campo de estudo é etnopsiquiatria ou etnopsicanálise. Graduou-se em 1982, doutorado em antropologia  pela Universidade de Paris V-Sorbonne. Ele dirigiu o Departamento de Antropologia Laplantine.


Michel Eyquem de Montaigne ( 1533/1592) foi um político, filósofo e escritor francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras, mais especificamente nos seus ensaios, analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo.
Noam Chomsky (1928) é linguista, filósofo e ativista político norte-americano. Tornou-se conhecido por suas críticas contra a política externa americana. É professor do Massachusetts Institute of Technology. Seu nome está associado à criação da gramática generativa transformacional. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.

Um comentário:

  1. Mestre Ricardo!

    A Alteridade, geralmente é atribuida a filosofia do direito. Mestres e doutorandos se deitam em Habbernas, Heiddegger, Adorno e até em Jean-Jacques Rousseau para entender os significados dos significantes.
    Quanto tansportas, como o fizestes, para o sentido empresarial faz a mesma coisa, pois muda o contexto e nao o enredo.
    mesmo lembrando que Chomsky está para os EUA assim como o PT para o Brasil, uma espécie de pensador revoltado com ele mesmo e com um todo para explicar as matemáticas da linguagene forma dentro da linguistica o que muitas vezes se contradiz.
    Um artigo para ser guardado e estudado,
    nos favoritos.
    parabens.
    Sou fã de seres que já descobriram que #PensarNão Dói.

    Com abraços do sul

    josé carlos bortoloti
    passo fundo - rs -
    www.epensarnaodoi.blogspot.com.br

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