Fonte: Aberje
Numa nova configuração de paradigmas, as
organizações – públicas, privadas, entidades de classe e outras – devem se
enxergar como parte do organismo social e reconhecerem nele um SISTEMA DE
COMPENSAÇÃO (econômico, social e político) de acordo com o segmento em que
atuam, assim como identificarem o impacto causado aos seus públicos de
interesse.
Nesta nova conjuntura, hoje denominada de
“SOCIEDADE EM REDE1”, imagens organizacionais não se sustentam por
muito tempo se forem antagônicas às suas identidades. Estas, por sua vez,
devem ser construídas com ALTERIDADE, ou seja, respeitando os valores,
especificidades e a cultura de seus stakeholders. Para isso, é necessária uma
DIALÉTICA COMPENSATÓRIA com todos eles, imprescindível para agregar valor
organizacional e consolidar resultados duradouros. “A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver
aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar
nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos
‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos,
mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’.
Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a
nos espiar. O conhecimento da nossa cultura passa inevitavelmente pelo
conhecimento das outras culturas. DEVEMOS ESPECIALMENTE RECONHECER QUE
SOMOS UMA CULTURA POSSÍVEL ENTRE TANTAS OUTRAS, MAS NÃO A ÚNICA.” François
Laplantine2.
“Não há nessa nação nada de bárbaro e de selvagem, pelo que me contaram, a não
ser porque cada qual chama de barbárie aquilo que não é de costume; como
verdadeiramente parece que não temos outro ponto de vista sobre a verdade e a
razão a não ser o exemplo e o modelo das opiniões e os usos do país em que
estamos". Michel de Montaigne3.
É primordial que a comunicação, seja ela a
institucional ou a mercadológica, esteja alinhada ao modelo de gestão. A ideia
é a conexão aliada à ação de forma ubíqua a todos os setores ou áreas
organizacionais, com o objetivo de transmitir uma mensagem uníssona. Como num
quebra-cabeça, só se chega à perfeição, ou melhor, mais próximo dela, se as
peças estiverem conectadas.Sendo assim, esse SISTEMA tem como prioridade
agregar valor aos produtos e serviços das organizações, como reflexo da marca
ou identidade institucional, aumentando a credibilidade frente aos seus
stakeholders. Não se trata somente de estratégia e de potencial competitivo,
mas da antecipação em relação à MUTAÇÃO CULTURAL AXIOMÁTICA.
O market share, nos dias de hoje, não é mais tão dependente somente
da qualidade dos produtos, serviços e publicidade, mas da capacidade de se
projetar frente aos anseios dos públicos de interesse muito mais informados e
conectados à complexidade do funcionamento organizacional. É cada vez mais comum vermos minorias sociais
saírem de seu lugar comum de submissão e da condição de DEVEDORAS perante as
organizações, para o papel de CREDORAS POTENCIAIS de uma nova configuração que
beneficie a sociedade como um todo. Nessa conjuntura só sobreviverão aquelas
que se alinharem a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO que concilie o retorno financeiro
às demandas sociais e ambientais. A velha proposição – “A população geral não
sabe o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe.” Noam Chomsky4 –
não é tão condizente à realidade atual.
Referências:
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede Vol.1. 13º ed. Paz e Terra,
2010. 698p.
BONDER, Nilton. Tirando os sapatos. Editora Rocco, 2013. 256p.
__________________
1 O conceito de SOCIEDADE EM REDE defendido por Manuel Castells
não é uma mera soma dos conceitos de sociedade com o de rede e sim o resultado
da mediação das afinidades com as tecnologias, o que vai permitir e/ou manter
em comunicação, em tempo real, pessoas e grupos de pessoas independentemente da
sua localização geográfica, tempo e traços de união. Um conceito que está
diretamente atrelado a uma nova percepção do espaço/tempo.
2 Laplantine François, nascido em 1943, é um pesquisador francês em etnologia e antropologia de renome internacional. Seu campo de estudo é etnopsiquiatria ou etnopsicanálise. Graduou-se em 1982, doutorado em antropologia pela Universidade de Paris V-Sorbonne. Ele dirigiu o Departamento de Antropologia Laplantine.
3 Michel Eyquem de Montaigne ( 1533/1592) foi um político, filósofo e escritor francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras, mais especificamente nos seus ensaios, analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo.
4 Noam Chomsky (1928) é linguista, filósofo e ativista político norte-americano. Tornou-se conhecido por suas críticas contra a política externa americana. É professor do Massachusetts Institute of Technology. Seu nome está associado à criação da gramática generativa transformacional. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.
2 Laplantine François, nascido em 1943, é um pesquisador francês em etnologia e antropologia de renome internacional. Seu campo de estudo é etnopsiquiatria ou etnopsicanálise. Graduou-se em 1982, doutorado em antropologia pela Universidade de Paris V-Sorbonne. Ele dirigiu o Departamento de Antropologia Laplantine.
3 Michel Eyquem de Montaigne ( 1533/1592) foi um político, filósofo e escritor francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras, mais especificamente nos seus ensaios, analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo.
4 Noam Chomsky (1928) é linguista, filósofo e ativista político norte-americano. Tornou-se conhecido por suas críticas contra a política externa americana. É professor do Massachusetts Institute of Technology. Seu nome está associado à criação da gramática generativa transformacional. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.