terça-feira, 20 de maio de 2025

O MEME EGOÍSTA: A NATUREZA DA REPLICAÇÃO DOS MEMES

Segundo Richard Dawkins, etólogo, biólogo evolutivo, autor da obra “O Gene Egoista”, de 1976, e criador do conceito de memética, o meme é um código cultural que prevalece de acordo com a sua força de transmissão e assimilação dentro do organismo social. Dawkins, de forma análoga, observa o processo de evolução cultural, com base na teoria da evolução de Darwin: um meme seria como um gene, ou seja, sobrevive aquele que melhor se adapta ao meio. Assim, como o gene, ele mantém sua capacidade ou força de persuasão, até ser eliminado, ou superado, por um novo meme. Transpondo esse conceito para os dias de hoje, principalmente, ao que se refere as fake news, podemos inferir: os memes verticalizados, emitidos pelas organizações de poder, contêm os códigos culturais e prevalecem, conduzindo soberanos a conduta social, devida a sua força, perante a vulnerabilidade dos usuários das redes sociais, que se defrontam, diariamente, com uma infinidade de memes ou informações, que se formam dentro do ambiente das mídias digitais, num embate constante com o automatismo da replicação egoísta ou verticalizada. Ele descreve, os seres humanos, como veículos e replicadores de genes (porção do DNA capaz de produzir um efeito no organismo que seja hereditário e possa ser alvo da seleção natural) e de memes, que se replicam e sobrevivem de forma semelhante aos genes, através de um processo de seleção e competitividade. Segundo ele, somos veículos, mas não necessariamente serviçais, pois podemos desafiar os memes egoístas que receptamos, e que são responsáveis pela nossa doutrinação. Podemos estimular e ensinar o altruísmo: “somos construídos como máquinas de genes e educados como máquinas de memes, mas temos o poder de nos revoltar contra os seus criadores. Somos os únicos na Terra, que podemos nos rebelar contra a tirania dos replicadores egoístas”. Para Dawkins, uma das razões para o grande apelo exercido pela teoria da seleção de grupo, talvez seja o fato de ela se afinar completamente com os ideais morais e políticos partilhados pela maioria de nós. Como indivíduos, não raro, nos comportamos de forma egoísta (identidade). Nos momentos idealistas reverenciamos e admiramos aqueles que colocam o bem-estar dos outros em primeiro lugar (imagem). Segundo o conceito de Dawkins, devemos lembrar que a evolução dos memes não procede necessariamente pela produção das notícias falsas, mas apenas no exclusivo interesse dos algoritmos que selecionam a informação de acordo com as nossas preferências. É por esse motivo, que tanto os memes, quanto os genes, são descritos como “egoístas”. Os replicadores (pessoas, grupos, organizações, sociedade organizada) são egoístas no sentido de seus hedonismos e peculiaridades. No caso dos memes, eles nos usarão para que possam ser copiados e permanecerão aqueles com maior força de persuasão/impacto, dentro da sociedade, dependentes de estratégias e projetos bem definidos, que se interessam pelos efeitos sobre nós. Poderíamos mudar esta configuração e mecânica se nos atentássemos a natureza da criação dessas informações, apurando e verificando a fonte de origem das emissões. Contrariando a funcionalidade da produção aleatória, conseguiríamos quebrar o seu funcionamento, doutrinando os algoritmos de acordo com a transparência e credibilidade das nossas exigências. Sendo assim, interromperíamos a viralização e disseminação de conteúdos de origem duvidosa, fazendo com que os algoritmos obedecessem às nossas determinações, sendo conduzidos, em função da credibilidade e transparência, com que selecionaríamos os produtores da verdade factual.