segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
EROSÃO INTERNA DA EXTREMA DIREITA E A REORGANIZAÇÃO DO CAMPO PROGRESSISTA PARA 2026
Finalmente, a extrema direita brasileira atravessa seu período mais crítico desde que ascendeu como força dominante na última década. Os discursos e narrativas mentirosas, rasas, sem qualquer compromisso com a historicidade, com o dialogismo, com a verdade factual e com o compromisso democrático e constitucional resultam no colapso de sua base.
Tanto Júlia Zanatta quanto Nikolas Ferreira, uns dos maiores influenciadores do campo extremista, vêm chafurdando em falas que expõem cada vez mais a fragilidade política, a ignorância e a incapacidade de formular argumentos consistentes. A perda de efetividade das narrativas é contínua e evidente.
As eleições de 2026 se aproximam, e o cenário dificulta ainda mais o reposicionamento estratégico e a comunicação dos extremistas. Não há unidade interna, não há um projeto articulado e, segundo pesquisas recentes, nenhum dos quadros projetados se mostra capaz de disputar com o atual presidente. O racha é explícito e se intensifica à medida que escândalos se acumulam e que o discurso perde poder de mobilização.
A prisão de Jair Bolsonaro se tornou o símbolo máximo da crise institucional. A extrema direita perde seu principal eixo político. Explicitamente, desde 2018, o conservadorismo de direita não se encontrava numa posição tão grave, sem direção e sem expectativa de reorganização.
Enquanto isso, figuras fundamentais para a democracia recebem reconhecimento público e internacional. Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, foi descrito como celebridade e tratado como herói pelo Financial Times. O colapso narrativo do totalitarismo amplia o contraste político do país, reforçando e fortalecendo as instituições democráticas.
Esse processo se soma à restauração da verdade factual com base no debate público. Depois de anos dominados por fake news e distorções, a reconstituição dos fatos vem enfraquecendo as narrativas construídas desde a Lava Jato, processo que se consolidou como parcial e sem sustentação jurídica. O retorno da factualidade vem fortalecendo o campo progressista e esvaziando a lógica argumentativa da ultradireita.
A tentativa recente de reconstruir a imagem de Bolsonaro por meio de um filme, que ainda está em produção, apenas agravou a crise. A obra, escrita por Mário Frias, ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro, já circula nas redes como motivo de chacota. As notícias denunciam o tom involuntariamente cômico e os relatos de bastidores envolvendo maus-tratos e desorganização. O que deveria funcionar como peça de propaganda se torna mais um exemplo do desgaste simbólico do bolsonarismo.
Esse quadro abre espaço para o fortalecimento estratégico do campo progressista, democrata e dos futuros candidatos. A crise institucional da direita oferece oportunidade real para consolidar propostas sociais, ampliar pautas de proteção de direitos e formular projetos de governo com discurso claro, direto e eficiente. A comunicação pode assumir papel central, como demonstrado pelo atual prefeito de Nova Iorque, Zohar Mandami, cuja equipe utilizou linguagens rápidas, eficientes e objetivas na divulgação de propostas. A simplicidade na apresentação de políticas públicas se mostra eficaz em momentos de desgaste das narrativas opositoras.
A era Bolsonaro se encerra de maneira acelerada e sem sucessor. A extrema direita enfrenta desgaste profundo de imagem, reputação e projeto. Suas lideranças vocalizam discursos frágeis. O desafio da direita radical é reorganizar uma base fragmentada. O do campo progressista é aproveitar esse momento para consolidar comunicação eficiente, propostas robustas e participação política ampliada para 2026.
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