terça-feira, 21 de junho de 2011

O MITO NA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL



Em sua obra, “Mitologias”, Roland Barthes desmistifica o mito. Na sua análise o mito é uma fala.
Na cultura de massa o importante não é o objeto, mas, sim, a forma como a linguagem apodera-se dele, definindo-o de acordo com sua conveniência. O significante do mito é o signo da linguagem, do qual ele se apodera para dar uma nova significação.

Essa significação é um recorte do real, o que mais importa é a forma, a imagem perde a totalidade, transformando o real em realidade conveniente e homogeneizante. Nesse processo semiológico, o sentido existe sempre para apresentar a forma e a forma para distanciar o sentido. Portanto, a fala mítica é definida pela sua intenção, muito mais, do que pela sua literalidade, possui um caráter imperativo, interpelatório, ela impõe sua força intencional, obrigando a acolher sua ambigüidade expansiva.

Barthes apresenta os três tipos de leitura do mito: a primeira é a do produtor, ou seja, a do redator da imprensa, do apresentador de um programa. Esses definem um conceito que apresentarão de forma conveniente; a segunda é o daquele que consegue decifrar a deformação que o mito dá a determinada forma, assim, destrói a significação do mito. Esse tipo de focalização é a do mitólogo; o terceiro é aquele que consome o mito, portanto, o que aceita e acredita no mecanismo constitutivo da mensagem mítica. Hoje, com o advento das mídias digitais é cada vez mais comum vermos os cidadãos que, até pouco tempo, se encaixavam, principalmente, no terceiro tipo de leitura, atuando como mitólogos.

Enfim, as duas primeiras leituras são de ordem dinâmica, destroem o mito; a primeira é manipuladora; a segunda desmistificadora e a terceira é estática, pois consome o mito de acordo com o desejo do primeiro: “vive o mito como uma história simultaneamente verdadeira e irreal”. A sociedade, hoje, é cada vez menos estática.

Além da apresentação teórica, Barthes a aplica de forma concreta, desmistificando produções culturais de sua época:

O cath (o mesmo que luta livre) caracteriza-se como espetáculo e não esporte, sua característica esta na imagem, na exacerbação dos gestos. O mais importante para um lutador de catch não é ganhar, e sim, executar os gestos que se esperam dele. O seu tipo físico é decisivo, é o que determina sua personalidade, suas atitudes.

Os conceitos podem parecer radicais, mas são ótimos para a reflexão dos comunicadores corporativos.


Ricardo Bressan

Bibliografia:
Barthes, Roland. Mitologias. Rio de Janeiro, Editora Berthand Brasil, 2001.






TRATADO DE COMUNICAÇAO ... - Google Books


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