sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O exemplo de Duke Ellington

Francisco Viana

Quando começou a ser conhecido, Duke Ellington procurou um dos patriarcas da música afro-americana, Will Marion Cook, para aconselhar-se. Durante longos passeios de charrete no Central Park aprendeu a encontrar a própria voz e a deixar aflorar, e guiar-se, pelo seu “eu” interior. “Não tente ser diferente de si mesmo”, ensinou o mestre. A partir dos encontros com Marion Cook, Ellington ampliou os horizontes do jazz, retratando as experiências dos negros americanos e unindo a música clássica ao jazz. E redefiniu a composição como uma arte coletiva. Tornou-se para o jazz o mesmo – ou quase ou mesmo – que Beethoven foi para a música clássica.




O media training é feito dessa mesma essência de ensinamento-aprendizado que abriu as portas da percepção para Duke Ellington. Quando o empreendedor ou o gestor público começa a despontar junto à opinião pública ou em meio ao seus colaboradores, é o momento de aprender a lidar com a mídia, cercar-se de conselheiros de comunicação que possam  apontar rumos, fazer com que se diferencia dos seus pares. É um trabalho longo, muitas vezes árduo, mas vivo e proveitoso. De modo algum exige que se seja diferente do “eu” interior. O desafio é trabalha-lo.



Há muito em comum entre os anos do princípio do jazz ( originalmente a palavra tinha sentido depreciativo e queria dizer o sexo sujo dos negros) e os dias atuais. Lá pelos anos 20 e 30 do século passado, os músicos negros tinham que “trabalhar rápido e duro”, na interpretação de Alex Ross(Ruído, Companhia das Letras 2009), para não serem expropriados pelos brancos. O disco popularizava a “velocidade estonteante” da criação musical e funcionava como uma espécie de “auditório sem paredes”. Havia muito plágio. Hoje, a comunicação acontece na velocidade da luz e as redes sociais criam e demolem comunicadores. Para ser um bom porta voz torna-se imperativo inverter essa tendência. Fazer como os antigos músicos que se atualizavam e inovavam a cada momento.



Dai, a necessidade de treinar. Quem treina fala melhor, apresenta melhor as ideias, aprende a valorizar aspectos positivos. Quem treina aprende que tudo aquilo que parece desesperadamente difícil – a fusão da técnica com a visão política – logo torna-se fácil; o que parecia fácil torna-se obsoleto. Critica-se muito a mídia, mas muito do que se fala para a mídia pode ser aprimorado, pode evoluir. A começar pela melhora da forma de falar, da forma de elaborar as mensagens, da constatação se existe crise ou problema. Ou seja, a definição de posicionamentos. Foi o que fez Duke Ellington. Com ele e com a biografia de músicos que tiveram uma visão crítica das suas vidas, há muito o que aprender. 



Francisco Viana é jornalista, mestre em filosofia política pela PUC-SP, consultor de empresas e autor do livro Hermes, a divina arte da comunicação. É diretor da Consultoria Hermes Comunicação estratégica (e-mail: viana@hermescomunicacao.com.br)


Fonte: Aberje

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Frigorífico é multado em R$ 1 mi por vazamento em MS

Marfrig


O grupo Marfrig Frigoríficos e Comércio de Alimentos S/A. foi multado em R$ 1 milhão pelo vazamento de produto químico que causou a morte de 4 funcionários e deixou mais de 30 intoxicados, ontem à tarde, no município de Bataguassu, em Mato Grosso do Sul.


A multa foi dada pela Polícia Militar ambiental do estado, calculada com base no artigo 61 do decreto federal de 2008, que trata da penalidade imposta quando os níveis da poluição causam danos aos seres humanos. Segundo a Polícia ambiental, após avaliação no local, foi constatado que o vazamento foi um acidente e que as licenças do estabelecimento estavam em dia.

De acordo com a Polícia ambiental, a empresa tem 30 dias para se manifestar. O auto de infração será julgado e a multa poderá ser aumentada ou reduzida ao final do processo administrativo instaurado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).

Os autos administrativos também foram encaminhados à Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar as mortes dos funcionários, e ao Ministério Público do Estado, que vai investigar possíveis danos ambientais.

China barra meganavios em seus portos e prejudica Vale

O comunicado surge apenas um mês depois de a Vale tentar descarregar o navio Berge Everest, carregando com 388 mil toneladas de minério de ferro, no porto de Dalian




O governo chinês não permitirá mais que navios gigantes que superem a capacidade máxima aprovada de 300 mil toneladas atraquem em seus portos, informou o Ministério do Transporte do país nesta terça-feira, minando os planos da mineradora Vale de utilizar seus megacargueiros para suprir seu principal mercado de minério de ferro.

Os navios que excediam a capacidade aprovada antes eram avaliados caso a caso, mas o ministério informou em comunicado em seu website nesta terça que navios cargueiros e petroleiros gigantes estão proibidos, medida que entra em vigor imediatamente.

O comunicado surge apenas um mês depois de a Vale tentar descarregar o navio Berge Everest, carregando com 388 mil toneladas de minério de ferro, no porto de Dalian - rapidamente gerando protestos da influente associação de armadores chinesa (China Shipowners Association), que tem ativamente pedido que Pequim barre os navios gigantes da Vale.

Atualmente, nenhum porto chinês tem aprovação para receber navios com mais de 300 mil toneladas e os navios da Vale podem carregar até 400 mil toneladas. Fontes da indústria disseram que a entrada do Berge Everest no porto de Dalian provavelmente ocorreu por uma falha burocrática, uma vez que estas permissões podiam ser emitidas por autoridades das províncias.

Declínio setorial - O Ministério do Transporte chinês admitiu que sua decisão de proibir navios gigantes também decorre em parte da crise que assola a indústria de navegação chinesa, assim como assuntos de segurança marítima.

Com a desaceleração econômica em importantes regiões no mundo, como a Europa, a demanda por embarcações, muitas delas construídas e operadas por companhias chinesas, caiu, levando também os valores do frete marítimo para baixo.

A frota dos megacargueiros da Vale, mais competitivos que outras embarcações, pelos ganhos de escala, está ampliando sua atuação no mercado justamente neste momento ruim do setor, alimentando o lobby contrário chinês.

A China Shipowners Association e as siderúrgicas disseram que a frota de meganavios da Vale pode ser um "Cavalo de Troia", que permitiria à mineradora monopolizar os mercados de minério de ferro às custas da China.

O vice-presidente executivo da associação de armadores, Zhang Shouguo, é ex-vice-diretor da divisão de transporte marítimo do Ministério do Transporte.

Com Pequim mantendo seus portos fechados aos Valemax, a mineradora terá de depender do transporte mais caro feito por embarcações que fazem o transbordo da carga em outros países na região para abastecer o maior consumidor de minério de ferro.

Até o momento, a Vale mantinha a posição de que a dificuldade de entrada de seus meganavios na China ocorria principalmente pela falta de adaptação dos portos do país, evitando reconhecer uma motivação política relacionada à crise dos armadores chineses.

Consultada nesta terça-feira sobre a decisão do governo chinês, a área de comunicação da Vale informou que não comentaria imediatamente o tema.

Uma fonte na companhia familiarizada com a situação disse à Reuters que a Vale ainda buscava uma confirmação diretamente com o governo chinês da proibição dos meganavios.

Afirmou também que caso a proibição se mantenha, a alternativa será utilizar países como Filipinas e a Malásia para atracar as embarcações, e repassar o minério a navios menores, que seguiriam para a China.

O projeto da Malásia, chamado de Taluk Rubiah, ainda está em desenvolvimento e tem previsão para operar em 2014. É um centro de distribuição com capacidade de movimentar 60 milhões de toneladas/ano de minério de ferro. Ele foi concebido para atender Japão e Austrália, inicialmente, mas segundo a fonte da empresa, "poderia perfeitamente atender à China".


Petrobras comunica vazamento de óleo no pré-sal da Bacia de Santos

Estimativa da empresa é que tenham sido derramados cerca de 160 barris de petróleo



                      



Um acidente ocorrido nesta manhã na plataforma da Petrobras onde está sendo realizado o teste de longa duração do campo de Carioca Nordeste, no pré-sal da Bacia de Santos, provocou vazamento de óleo no mar, em quantidade estimada em 160 barris de petróleo, ou cerca de 33 mil litros de óleo, segundo a estatal. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o poço foi fechado, contendo definitivamente o vazamento. As ações para conter a mancha estão em andamento.


A Petrobras afirmou que, após o rompimento da tubulação, o sistema de segurança fechou automaticamente o poço. "O poço encontra-se fechado e em condições seguras", garantiu a estatal em comunicado. “Uma estimativa preliminar aponta a possibilidade de terem vazado 160 barris de petróleo. Não há possibilidade de o petróleo chegar à costa brasileira", acrescentou a empresa.Segundo a empresa, houve um rompimento na coluna de produção do FPWSO Dynamic Producer às 8h30 da manhã. O navio-plataforma está localizado a cerca de 300 quilômetros da costa do Estado de São Paulo em um local onde a profundidade é 2.140 metros. Esta ruptura ocorreu a uma profundidade de 670 metros.


A Petrobras também acionou seu plano de emergência para recolher o petróleo no mar e o óleo residual da parte superior da coluna de produção. A companhia já informou a Marinhal, o Ibama e ANP sobre o acidente e está investigando suas causas.
A agência de petróleo informou ainda que está investigando o acidente e que uma equipe fará vistoria a bordo da plataforma a partir desta quarta-feira.