terça-feira, 9 de junho de 2015

Exigimos ética apesar de estarmos longe de sermos éticos

Exigimos ética apesar de estarmos longe de sermos éticos Em um dos quadros, do programa televisivo ‪CQC‬, repórter flagra "cidadãos", estacionando seus carros, em vagas para deficientes. Bradamos por nossos direitos. Protestamos contra a corrupção. Exigimos cidadania, mas no momento de sermos cidadãos, nos eximimos das nossas obrigações. 

Não aceitamos sermos corrompidos, mas não pensamos, que talvez, também, estejamos transgredindo e corrompendo. São nos "pequenos" atos de transgressão que conhecemos o comportamento da nossa sociedade. Fico cada vez mais convencido que o aforismo é verdadeiro: "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço." 

A sociedade não respeita os direitos das minorias homossexual, transexual, os dos deficientes físicos e os de outras minorias. Sociedade hipócrita, com sua falsa moralidade, transgride "pequenas" normas de conduta, as quais são reconhecidas em lei. Ela reincide em "pequenos" erros, e crucifica os transgressores das leis mais "contundentes". Vale aqui mais uma máxima: "ninguém tropeça no Pão de Açúcar" 

A verdade é que ela é egoísta, cega e surda. Enxerga, e escuta, àquilo que a interessa. Não transgride, o que realmente deve transgredir: as normas impositivas e o totalitarismo invisível que alimenta a idiotia e a ignorância do senso comum.

Sociedade-mundo x Terror-mundo


"A única alternativa para o ódio e a democracia"

Sem "(...) o reconhecimento desse princípio ético mínimo, não se terá jamais um mundo nobre por meios ignóbeis."

"(...) Estamos sendo convocados a travar, em cada um de nós, um grande combate espiritual. O espírito humano traz em si o pior dos males - incompreensão, cegueira, ilusão, loucura -, mas também traz a possibilidade de racionalidade, de lucidez, de compreensão, de compaixão."

                               

 "(...) Talvez seja necessário avançar ainda mais rumo ao abismo para que haja um verdadeiro sobressalto de salvação, para que a sociedade-mundo se atualize em sociedade de nações e de culturas unidas contra a morte. Com a condição de não se naufragar nela, a catástrofe se converte na última oportunidade."


                                

Fonte: Morin, Edgar. Rumo ao Abismo? Ensaio sobre o destino da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. pág 131 e 134


Educação x Desmistificação

A dificuldade está no modelo mundial de educação (interesse dos governos totalitários na alienação da humanidade), e na falta de interesse dos indivíduos de buscarem outros formas de se educarem, de irem além da educação ditatorial, impositiva proposta pelas organizações de poder, que preferem a idiotia à constrição da desmistificação. É mais fácil alimentar a idiotia, do que ter modelos de educação desmistificadora, incentivados por instituições, e a busca do indivíduo de "subterfúgios" desmistificadores. 


A educação desde a era industrial é instrumental, deixa pouco espaço para a ruptura de modelos mentais. Não conhecemos vários casos de gênios que eram péssimos alunos, e muitos abandonaram a escola? Indivíduos resistentes a serem desafiados e desestruturados, querem apenas "receitas" de um bolo que já está pra lá de cansado e precisaria de uma implosão para uma nutritiva disruptura. 




por Ricardo Bressan e Patricia Galante de Sá.

De genes egoístas a indivíduos cooperativos

Contradições da sustentabilidade

"A dúvida é um dos nomes da inteligência." Jorge Luís Borges A ênfase no ambiental que faz parte do Triple Bottom Line (não deixa de ser importante), mas não é só. O ponto negativo está exatamente aí. Muitas organizações e indivíduos se utilizam da responsabilidade ambiental, e muitas deixam de lado o social e o econômico. Enxergam a sustentabilidade de forma ambígua e restrita, esvaziando a essência e a complexidade do conceito. No nível individual, também, muitos se preocupam somente com a reciclagem e a preservação do meio ambiente, e se esquecem da reciclagem moral e ética. Quantos de nós são cegos em relação à miséria social.


Criticamos, mas passamos às pressas por aqueles que consideramos viver à "margem da sociedade". Enfim, não vemos, e não ouvimos, o som ao redor. A sustentabilidade abrange um terreno muito mais vasto que somente o meio ambiente. 

Utilizar-se somente do uníssono ambiental, e minimizar o conteúdo econômico e social, esvazia a complexidade do conceito é a execução sustentável. O discurso e a construção de mensagens voltadas somente para um aspecto da sustentabilidade, desvia a visão ampla do conceito, que deveria abranger a alteridade, o altruísmo, para com as mais diversas necessidades da humanidade.



 "Apesar de ser um ardente darwinista, quando tento explicar porque estamos aqui, eu também sou um ardente antidarwinista quando se trata de planejar, e eu realmente quero dizer planejar o tipo de sociedade na qual desejamos viver. Podemos fazer planos para o futuro. Podemos fazer planos para um futuro altruísta, deixando para trás os ditames de nossos genes egoístas." Richard Dawkins

Política da destruição


A educação tradicional traz conhecimentos restritos e especializados, incapazes de compreender a complexidade das causas. Uma arquitetura ligada aos feitos deterministas, e não à transcendência a que se propõem o conhecimento humanístico. A estrutura determinista incapacita a intelectualidade, a capacidade de reconhecer a essência, a fundamentação da problemática global.


A aparência constitui a realidade: imagem é tudo, identidade é nada

O espaço público privado só abriga o que é "relevante", de modo que subjetivismos (experiências ou virtudes advindas deles), não encontram abrigo, conforto ou comodidade, não têm relevância nesse local, ao contrário são repugnados, rechaçados. Com isso o "irrelevante" é desprezado pelo domínio privado. A subjetividade perde sua grandiosidade para a superficialidade, futilidade, superfluidade transformada em necessidade pela construção de discursos, mensagens e imagens grandiosas de persuasão manipuladas pelas organizações de poder.
  
                          

Por que a a arte é inacessível (financeiramente) e desprezada pela sociedade?

Não é interessante que ela, com seu efeito catártico, gere reflexão, pensamento, senso crítico, desperte a necessidade do indivíduo de desmistificar, buscar caminhos que o leve próximo de "outra realidade".
A arte nunca vai ser incentivada e facilitada, pois contradiz os discursos e os códigos culturais ditatoriais, que tem como objetivo manter o ser humano sob a rédea curta das organizações de poder.