segunda-feira, 29 de abril de 2019

A filosofia e a sociologia como meios de individuação e transgressão

Como dizia a pensadora e filósofa política Hannah Arendt, vivemos um TOTALITARISMO INVISÍVEL, que, a cada dia, fica mais escancarado, ou melhor, visível, pelo menos, para aqueles que têm senso crítico, visão humanística e dialógica do mundo. Estamos deixando “O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA”, para a prática efetiva dela.
O governo pretende deixar de investir nas cadeiras catedráticas de Filosofia e Sociologia, pois elas formam seres humanos resistentes que adquirem senso de individuação, e contestam a “moral” e os “direitos estabelecidos”. Parece que estamos voltando a época, que aqueles que eram contra o poder vigente era visto como transgressor e subversivo. O que precisamos hoje são de seres humanos mais subversivos e menos subservientes.

O principal objetivo dessa conjuntura é formar seres técnicos e autômatos, que tenham uma visão limitada, ou seja, despojados de senso crítico e desenvolvimento humanista, sendo mais fácil manter a subserviência e a administração do desejo de sublevações.
A antológica visão transgressora e progressista do Jung é bem conveniente para o momento que estamos passando. Ele diz que o inconsciente é um "outro" que se apresenta no decorrer da vida. Reconhecer e dar a palavra a esse outro é individuar-se, não isolar-se. Nesse processo, questões éticas e morais terão de ser enfrentadas, pois, ao entrar no processo, a pessoa deixa de se submeter obrigatoriamente aos ditames sociais, culturais, patrióticos, ou qualquer coisa que possa ser vista como regra moral, desenvolve uma ética própria, que pode ser contrária à moral vigente. 


Por exemplo, uma mulher muçulmana que vive em um ambiente fundamentalista pode querer exercer seu pensamento e pode desenvolver valores próprios quanto ao vestir-se ou ao comportar-se socialmente.
Esse abandono das regras vigentes tem um preço. Algo precisa ser dado em troca, e é nesse lugar que Jung afirma a importância do indivíduo. Só ele cria novos valores, só ele destrói valores ditatoriais que são aceitos por todos.