domingo, 21 de abril de 2024

CONFIGURAÇÃO DA ESFERA PÚBLICA NA ERA DIGITAL

Jürgen Habermas, filósofo e sociólogo alemão, em 1992, definiu Esfera Pública como o espaço social gerado pela comunicação, mas a sua consolidação se deu muito antes, primeiro sob a influência do comércio renascentista, depois com as revoluções iluministas do século XVIII, como consequência da troca de informações sobre atividade mercantil e de regras públicas reivindicadas pelo mercado. Sendo assim, ela não surgiu motivada por interesses públicos ou sociais, mas, sim, para atender as necessidades do mercado. Portanto, antes de ser pública, a esfera é prioritariamente privada, para defender os interesses privados com relação ao público. Os desejos e os interesses, daqueles que não constituem parte do privado, são submetidos aos interesses daqueles que o controlam. Conclui-se assim que é o mercado, e não as necessidades sociais, que determina as relações comunicacionais. Com isso, todos os meios que comunicam sejam o impresso, o rádio, a televisão e atualmente as redes digitais, onde as relações de mercado continuam determinando as formas comunicacionais, dominam a esfera pública. As plataformas digitais reúnem multidões, e não fazem isso para oferecer conteúdo racional e instrutivo para resolução de problemas de ordem pública ou social, mas sim, para manipular sujeitos por meio de suas paixões e pulsões, para extrair delas dados pessoais, pois estes concentram valor econômico. As redes sociais, assim, como as outras mídias, não respondem em primeiro lugar aos anseios da sociedade, são essencialmente de natureza superindustrial, atendendo prioritariamente as necessidades do capital.