quarta-feira, 31 de julho de 2013

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: "METAMORFOSE AMBULANTE do que ter aquela VELHA OPINIÃO formada sobre tudo"

Pierre Lévy
Marx e Debordgrandes pensadores de séculos passados. O primeiro descrevia o homem como autômato, como extensão da máquina.  

Debord pensava no automatismo do homem pelo seu condicionamento à construção de discursos, repetições, emissão de significados, preso à realidade dos fatos do status quo capitalista, função desempenhada, principalmente, pelos meios de comunicação de massa. O regime, já mostrara sua primeira grande crise explicita, em 29.  

Manuel Castells
Nos dias de hoje, diferente de há oito décadas, mesmo com a crise de 2008, nos EUA, a europeia e as mais recentes  crises políticas no Egito e no Brasil, as condições políticas e de interação entre as organizações e  a sociedade são outras. Como definem os grandes pensadores da atualidade Manuel Castells e Pierre Lévy: as forças tecnológicas desencadeadas pela engenhosidade humana e a submissão coletiva ao autômato, têm fugido do controle de seus criadores.  Mesmo que não soberanas,  elas vêm se impondo, consideravelmente, à política social e econômica atual. Hoje vem tomando forma o poder da "SOCIEDADE EM REDE" e da "CIBERCULTURA" que se amalgamam com o dos poderosos do CAPITAL e da "SOCIEDADE DO ESPETÁCULO".  

Parafraseando o grande Raul: hoje, preferimos ser METAMORFOSES AMBULANTES do que termos aquela VELHA OPINIÃO formada sobre tudo. 

Ricardo Bressan

Referências:

KARL, Marx. O Capital: O processo de produção do capital. Vol 1 25º ed. Civilização Brasileira. 2008. 574p.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo.  9º ed. Rio de Janeiro. Contraponto, 2007. 237p.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Vol 1.  13º ed. Paz e Terra, 2010. 698p.
PIERRE, LÉVY. Cibercultura. 3º ed. Editora 34, 2010. 270p.
BARTHES, Roland. Mitologias. 2º ed. Rio de Janeiro: Difel, 2006. 256p.  


quinta-feira, 25 de julho de 2013

METAMORFOSE: CAPITALISMO + SISTEMA DE COMPENSAÇÃO


                               


Estamos em meio a uma evolução social, significativamente importante, da qual todas as organizações deveriam fazer parte. Numa nova configuração de valores e de mudanças de paradigmas, estreita-se o espaço dicotômico entre organizações e sociedade, onde se exige, cada vez mais, uma DIALÉTICA COMPENSATÓRIA.

O MARKET SHARE, nos dias de hoje, não é mais tão dependente somente da qualidade dos produtos, serviços e publicidade, mas sim da capacidade de se projetar frente aos anseios dos públicos de interesse muito mais informados e conectados à complexidade do funcionamento organizacional


Corporações devem reaver estratégias e posicionamentos de seus modelos administrativos respeitando normas legais, sociais e ambientais, não só por simples respeito, mas como parte da evolução do organismo social como meio de sobrevivência. Portanto, que se vejam dependentes de um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO, ou seja, de um sistema onde não há mais espaço para desapropriação do tempo social, puro e simplesmente para obtenção de resultados imediatistas do regime capitalista. A nova necessidade e a de abertura de espaços  compensatórios que respeitem a individualidade das minorias, equilibrando retorno financeiro com as demandas sociais e econômicas.


METAMORFOSE




“No campo do DIREITO DAS OBRIGAÇÕES , A COMPENSAÇÃO é uma forma de se extinguir uma OBRIGAÇÃO em que os sujeitos da RELAÇÃO OBRIGACIONAL são, ao mesmo tempo, CREDORES E DEVEDORES.”  Pablo Stolze Gagliano


Em artigo publicado, em 17 de janeiro de 2013, “Mais do que prática, a SUSTENTABILIDADE é um PROCESSO EVOLUTIVO DA SOCIEDADE”,   comento sobre a origem deste conceito e da amplitude de sua significação, ficando mais claro para a sociedade os objetivos espúrios e ególatras das organizações, em detrimento das necessidades dos seus públicos de interesse, para não dizer de toda a humanidade .

Como qualquer organização, a pública tem como obrigação prestar serviços de qualidade a todos seus stakeholders, ou seja, à sociedade.

Devemos pagar impostos para que tenhamos serviços de qualidade à nossa disposição e não o inchamento deles para suprir o hedonismo ou corrupção daqueles que detém o poder público. Taxas de impostos exorbitantes para empresas e cidadãos são o que realmente inibem o desenvolvimento econômico e social. Empresários deixam de pagar salários e benefícios justos, pois essas medidas coíbem a mais valia, que é a razão de existir das organizações privadas, por mais solícitas que sejam às reivindicações de seus colaboradores e públicos de interesse.

Tudo isso se resume a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO, onde todos os que fazem parte do organismo social são CREDORES E DEVEDORES. Se todos são devedores, sejam cidadãos, organizações governamentais ou privadas, também são credores.

Sendo credoras, as organizações (qualquer que seja seu segmento) são também devedoras dos serviços e produtos destinados aos seus públicos de interesse, que esperam delas compensações, longe de serem análogas as imagens transmitidas a eles.

Isso se dá também na relação de poder entre O ESTADO E O PRIVADO, algumas ENTIDADES DE CLASSE e ONGS que se digladiam por compensações e lobbies especulativos em detrimento do bem comum da nação.

Nos dias de hoje, o capitalismo neoliberal apresenta seu esgotamento, gerando crises constantes e mais contundentes por não se enquadrar a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO.

Como dito em artigo escrito pelo jornalista Francisco Viana “transitamos de uma sociedade meramente consumista, pura e simples, para uma sociedade politica”.

A crise de 2008 nos EUA, a que atingiu a Europa e as mais recentes crises politicas no Egito e no Brasil, não demonstram que o capitalismo é um regime falido, já que todos os outros se mostraram ineficazes, mas  que necessita de ajustes e reformulações ao que tange cultura, valores, missão e visão. Vou mais além: essa crise tem como marco inicial o atentado ao Word Trade Center em Nova York, mostrando o esgotamento de uma política econômica e social excludente que gera, por consequência, o ódio em povos miseráveis, fundamentalistas e pouco instruídos, levando-os a ações violentas e genocidas. A GUERRA AO TERROR foi mais um signo para encobrir as mentiras e as conseqüências de um regime que há tempos precisa ser reformulado, com mudanças paradigmáticas que consolide um REGIME DE COMPENSAÇÃO.      

Ricardo Bressan



 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação da Mídia

O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:






1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.




O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')”.


2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.



Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.


Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

QUANTO MENOR A INTERMEDIAÇÃO, MAIOR A POSSIBILIDADE DE DESMISTIFICAÇÃO


Numa SOCIEDADE EM REDE fica cada vez mais difícil manter a ESQUIZOFRENIA SOCIAL. As informações são compartilhadas em tempo real. Cidadãos estão mais próximos da realidade dos fatos e não mais tão submissos a construções de discursos, sejam eles, midiáticos, públicos ou privados. 


Organizações, ou qualquer que seja o segmento da sociedade que se utilize de meios espúrios, não se dão conta que fazem parte de um organismo que se alicerça em novas bases, numa nova configuração ou transição de paradigmas, que estimula a interação e a evolução da cognição social . No caso, as entidades de classe, mais especificamente, sindicatos, mostram com esse posicionamento a clareza de sua identidade. Aproveitam-se das manifestações e da "ingenuidade” dos cidadãos, como manobra de massa para objetivos espúrios. Nos dias de hoje, a imagem anda numa linha tênue com a identidade. Hoje cidadãos comuns são emissores de informação e interagem constantemente o que dá a eles maior possibilidade de se aproximarem da REALIDADE DOS FATOS. QUANTO MENOR A INTERMEDIAÇÃO, MAIOR A POSSIBILIDADE DE DESMISTIFICAÇÃO.

Organizações devem se posicionar de forma ética se quiserem manter credibilidade e confiança junto a seus públicos de interesse. Imagens organizacionais não se sustentam por muito tempo se forem antagônicas as suas identidades.  

PODER e SOBERANIA SOCIAL

Todo regime democrático, qualquer que seja seu sistema, tem como estrutura a constituição. No caso do Brasil, na ”Constituição Cidadã”, está prevista a liberdade de expressão de qualquer segmento que faça parte da sociedade. 

O que vimos, no mês que se passou e no que se inicia, foi a visão da sociedade, no inicio, de uma parte dela mais esclarecida, politizada e organizada, valer-se desse direito que através do Movimento Passe Livre (MPL) conseguiu a redução da tarifa dos transportes públicos.

O PODER e a SOBERANIA dessa MOBILIZAÇÃO SOCIAL se mostrou eficaz e os órgãos governamentais não viram outra possibilidade de acordo senão a redução da tarifa.

A sociedade desde então, percebendo seu poder politico, insurgiu com uma série de manifestações advindas das mais diversas minorias que vêm se organizando a cada dia, entre elas — estudantes, homossexuais, médicos, caminhoneiros, metalúrgicos e outras—, cada qual, com suas reinvindicações específicas.

A reforma politica vem acontecendo e não é através de plebiscito ou referendo —democracia direta, quando o povo decide diretamente cada assunto por votação , que se efetivará o desenvolvimento politico, econômico e social. Ela tem vindo do poder participativo das minorias, ou seja, de baixo para cima, do poder horizontal sobre o vertical, que transbordou daquelas mais politizadas, com senso critico e conhecimento humanístico, denominada por um comentarista  de CLASSE MÉDIA REVOLTOSA SEM FUNDAMENTO DE CAUSA. Como ele disse: "Esses revoltosos de classe média não valem nem vinte centavos".


SOCIEDADE EM REDE

Fica claro que a verdadeira reforma politica vem da liberdade de expressão das massas, ou seja, das minorias organizadas, de um novo poder que toma forma “A sociedade em rede” tão propalada por Manuel Casttels. O desenvolvimento social e econômico tão almejado virá dessa liberdade. Elias Canetti, em seu livro “Massa e Poder”’, descreve as consequências do poder sobre as massas.

A distinção da previsão entre os dois autores se dá no âmbito tecnológico. À época de Canetti, as manifestações das massas acossadas se davam de forma mais violenta por falta de um canal democrático efetivo, como o que existe hoje na era do conhecimento. A tecnologia digital, através das redes sociais tem possibilitado a interação, a troca de informações, sem a intermediação do poder das organizações, sejam elas públicas, privadas e privadas midiáticas (meios de comunicação de massa). 

Vivemos uma transição paradigmática. O cidadão ganhou voz, essa, cada vez mais, estridente. 

A representatividade da grande maioria de nossos políticos há muito nos mostra a verdadeira face da politica atual: a "arte" de governar permite ao dirigente ou governante ter "poder" para realizações hedonistas inerentes a sua idiossincrasia ególatra, em detrimento do bem estar  geral de sua nação.
Referências:
CANETTI, Elias. Massa e Poder. 2º ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 13º ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2010.