segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

McDonald's muda receita após denúncia



Jamie Oliver, chef britânico, mostrou em programa que rede de fast-food usava hidróxido de amônio para converter sobras de carne gordurosa em recheio

A rede de fast-food McDonald's anunciou que mudará a receita de seus hambúrgueres nos Estados Unidos. A mudança acontece pouco tempo após o chef de cozinha britânico Jamie Oliver descobrir e mostrar em um programa de TV que a rede usa hidróxido de amônio para converter partes gordurosas de carne em recheio para seus produtos, segundo informações do Mail Online.

"Basicamente, estamos falando de comida que seria vendida por um preço muito baixo para produzir comida para cães, e que, depois desse processo, é vendida como alimento para humanos", afirmou Oliver. "Por que qualquer ser humano sensato colocaria carne com amônio na boca de suas crianças?", questionou o chef.

A receita, que o apresentador chamou de "lodo rosa", é produzida, segundo ele, em um processo pelo qual a carne é "centrifugada" e "lavada" em uma solução de hidróxido de amônio e água.

De acordo com o Mail Online, o processo de conversão nunca foi utilizado no Reino Unido, nem na Irlanda, países que usam carne de produtores locais.

Ao site, o McDonal's negou que tenha optado pela troca de sua receita por causa da denúncia de Jamie Oliver. A matéria diz ainda que duas outras redes - Burger King e Taco Bell - utilizavam hidróxido de amônio em suas receitas, mas já modificaram as receitas.

Procurada, a Arcos Dourados, empresa que opera a marca McDonald's na América Latina, informou que "o aditivo em questão não é utilizado como ingrediente nem em qualquer processo da cadeia produtiva da marca na região".

A companhia acrescentou que "os hambúrgueres são preparados com 100% de carne bovina e que toda a produção é validada pelas autoridades regulatórias locais".

Assista a um trecho do programa em que Jamie Oliver explica o processo

Vale impulsiona política ambiental e trabalhista após críticas em Davos


Cartaz da votação “Public Eye People´s” sobre a Vale

A empresa é acusada de violar os direitos humanos com suas condições desumanas de trabalho e de exploração sem considerar a natureza.


Vale, maior produtora de mineral de ferro do mundo, defendeu nesta sexta-feira suas políticas ambientais e trabalhistas, após ser considerada uma das "piores empresas" nessas frentes por ONGs em Davos, Suíça.
As organizações Declaração de Berna e Greenpeace da Suíça acusaram a Vale de violar os direitos humanos com suas condições desumanas de trabalho e de exploração sem considerar a natureza.
"A Vale sabe que a atividade mineral gera impactos e por isso atua de forma controlá-los e reduzi-los", respondeu a empresa em seu site no qual informou também que em 2012 "planeja investir 1,65 bilhão de dólares em ações socioambientais".

A gigante informou também que determina suas políticas baseadas em um "guia de direitos humanos" lançado em 2010 e que determina as condições trabalhistas de seus funcionários. "A Vale oferece seus trabalhadores um salário igual ou maior ao salário-mínimo exigido em cada localidade", assegura.

"Para fortalecer uma cultura baseada em resultados, o pacote de remuneração de cada funcionário inclui o pagamento de uma remuneração variável" com "títulos baseados no desempenho individual", informa o site da Vale, desenhado para "esclarecer" as afirmações contra a empresa.
A Vale defendeu também sua participação (9%) na construção da polêmica hidrelétrica de Belo Monte, que responde a suas necessidades de "grande consumidor de eletricidade" e a seus planos de crescimento.
Além da Vale, o banco britânico Barclays foi também catalogado dentro das "piores empresas" por práticas especulativas com os alimentos, que provocaram altas nos preços com consequências nefastas para os mais pobres.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Contax quer contratar 12.000 pessoas em 2012 na América Latina

Os planos de contratação equivalem a um aumento de 10 por cento nos atuais quadros, que eram de 115.000 empregados no final de 2011


Centro de atendimento da Contax, no Rio



A Contax Participações SA, maior empresa de call center com capital aberto do País, pretende contratar 12.000 funcionários para expandir suas operações na América Latina este ano, disse Marco Schroeder, diretor de finanças e relações com investidores da companhia.

Os planos de contratação equivalem a um aumento de 10 por cento nos atuais quadros, que eram de 115.000 empregados no final de 2011 na empresa sediada no Rio de Janeiro, que abriu seu capital na BM&FBovespa em 2005. Do total de funcionários, 15.000 estão fora do Brasil, herdados da Allus Global BPO Center, disse o executivo.

A companhia vai manter um ritmo de contratações de 5.000 funcionários por mês este ano, dos quais, em média, 4.000 são reposição e 1.000 novos, equivalendo a 12.000 novos empregados, segundo ele. Cerca de 5.000 das contratações serão feitas fora do Brasil, para atender clientes em língua espanhola.

“Os principais setores que atendemos, que são o de telecomunicações e o financeiro, continuam a crescer e a gerar demanda por atendimento”, disse Schroeder em entrevista em São Paulo em 24 de janeiro. “A meta agora é começar a migrar para outras áreas, para além do call center.”

A empresa fechou um acordo de R$ 332 milhões em abril de 2011 para comprar o controle do grupo Allus. A empresa tem receita anualizada de R$ 450 milhões e operações na Argentina, Peru e Colômbia, além de área comercial montada nos Estados Unidos e Espanha para atender clientes de língua espanhola. A companhia quer consolidar aquisições e fortalecer sua expansão no setor de serviços de tecnologia e em outros países da região, disse o diretor.

Fonte: Revista Exame

Refugiados denunciam maus-tratos em fábrica da Sadia



Em condições análogas à escravidão, segundo as denúncias, trabalhadores eram contratados para o abate halal, feito manualmente por seguidores do islã


Fábrica da Sadia, em Vitória de Santo Antão, Pernambuco
Uma das fábrica da Sadia: essa em Vitória de Santo Antão, Pernambuco


As condições de trabalho de duas fábricas da Sadia (BRFoods), no Paraná, são alvo de uma investigação de trabalho escravo de estrangeiros pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A unidade terceirizada pela empresa na cidade de Samambaia, no Distrito Federal, também sofreu denúncias de trabalhadores muçulmanos, contratados para o abate halal, vendidas a seguidores do islã.


   Uma das denúncias foi feita por um jovem afegão que, depois de ter sido ameaçado de morte pelo Talebã por se recusar a pagar propinas, abandonou sua cidade natal e pagou cinco mil dólares a uma gangue de tráfico humano para pedir refúgio e reiniciar a vida no Brasil. As informações são da BBC.
Ao chegar no país, ele foi levado para um trabalho escravo em uma prestadora de serviços para a Sadia, em Samambaia. O emprego consistia em degolar com uma faca 75 frangos por minuto pelo método halal, selo requerido pelos países de maioria islâmica que importam a carne brasileira. O salário: 700 reais por mês.
Depois de ser demitido por fazer queixas ao seu supervisor, o jovem sem nenhum tostão deu entrada ao seu pedido de refúgio ao Conare (Comitê Nacional para os Refugiados, órgão vinculado ao Ministério da Justiça).
O abate halal requer que os animais tenham suas gargantas cortadas manualmente por seguidores do islã. Eles devem pronunciar a frase "Em nome de Deus, Deus é maior!" (Bismillah Allahu Akbar, em árabe) antes de cada degola.
Resposta
Em resposta, a assessoria da BrasilFoods disse que atende a uma exigência de mercados islâmicos, em especial de países do Oriente Médio. De acordo com tais exigências, o trabalho deve ser executado por funcionários muçulmanos que sejam vinculados a uma entidade certificada pelas autoridades daqueles países. Portanto, a contratação terceirizada é uma necessidade.
Ainda de acordo com a empresa, esses funcionários terceiros cumprem uma jornada de trabalho equivalente aos trabalhadores contratados diretamente pela empresa (no caso, a entidade certificada por países islâmicos prestadora de serviços). Durante o período em que permanecem no interior da planta, eles estão sujeitos às mesmas condições dos demais trabalhadores da unidade.
Como regra, em todos os casos de contratação de mão de obra terceirizada, a BRF diz exigir que o fornecedor apresente regularmente os comprovantes de recolhimento das contribuições trabalhistas, sociais e fiscais. 

8 conselhos de mafiosos para gerir uma empresa (dentro da lei)


O Poderoso Chefão

As lições de uma organização centenária

Estima-se que a Máfia tenha surgido na Itália, durante a Idade Média. Sua origem estaria ligada a pequenos arrendatários de terras que contestavam a propriedade dos senhores feudais. Com o tempo, a organização – uma das mais antigas do mundo – envolveu-se com atividades criminosas de toda ordem: prostituição, jogo, drogas, venda de armas e de segurança, etc.
Ok, não é o melhor modelo de negócios para ninguém que pretenda prosperar dentro da lei. Mas, creia, há lições de organização e gestão que a Máfia pode dar para qualquer empresa, sem ferir nenhum princípio. Pelo menos, é o que o ex-mafioso Louis Ferrante afirma no livro “Mob Rules: What the Mafia can teach the legitimate businessman”. Veja, a seguir, alguns conselhos coletados pelo site Business Insider

Fonte: Revista Exame

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Água mais pura do mundo chega ao Brasil; garrafas têm design de perfume




Chega ao Brasil neste mês a água Voss, considerada a mais pura do mundo. Importada pela Casa Flora, a Voss brota naturalmente de uma fonte no sul da Noruega, no deserto gelado, sob uma formação rochosa protegida do ar e de qualquer tipo de contaminação externa. A marca possui quantidades reduzidas de minerais e sódio.

Disponível em embalagens de vidro com ou sem gás, e na embalagem pet somente sem gás, a marca teve as garrafas, em formato de perfume, criadas por Neil Kraft, ex-diretor artístico da grife Calvin Klein.

A embalagem PET de 330ml é a mais barata, e custa 12 reais. A mais cara, um Still & Sparkling de 800ml, sai por 26 reais.


Dando um rosto para um nome: a arte de motivar os funcionários

A simples interação de cinco minutos com outra pessoa pode aumentar radicalmente a produtividade semanal?


União mãos juntas
Quem sabe da importância do próprio trabalho acaba ficando mais produtivo
                    


Em alguns ambientes de emprego a resposta é sim, afirma Adam Grant, professor de gerenciamento da Wharton. Grant dedicou boa parte de sua carreira profissional ao estudo da motivação de funcionários em cenários diferentes como call centers, farmácias de vendas por catálogo e equipes de salva-vidas de piscinas. Em todas essas situações, disse Grant, os funcionários que sabem que o trabalho deles exerce impacto significativo e positivo sobre outras pessoas são mais felizes do que aqueles que não sabem. E são bem mais produtivos também.

Essa conclusão pode parecer intuitiva, mas Grant registrou isso numa série de estudos. Num experimento, ele estudou o comportamento das telefonistas do Call Center de uma universidade pública cujo trabalho era pedir doações para a universidade. Esse pode ser um trabalho amargo. Elas ganham pouco e sofrem rejeições freqüentes de pessoas que não gostam de atender telefones durante o jantar. A rotatividade de pessoal é alta e o moral é muitas vezes baixo. Então o que podemos fazer para motivá-las a permanecerem no telefone e obter doações?
Uma resposta relativamente fácil é apresentá-las a alguém que receba a ajuda desses dólares.
No estudo de 2007, Grant e uma equipe de pesquisadores - Elizabeth Campbell, Grace Chen, David Lapedis e Keenan Cottone da Universidade de Michigan - organizaram um encontro entre as telefonistas do Call Center e os alunos bolsistas que eram beneficiados pelos donativos do programa de levantamento de fundos da universidade. Não foi uma reunião longa - foi só uma sessão de cinco minutos na qual as telefonistas puderam perguntar aos estudantes sobre seus estudos. Mas no decorrer do mês seguinte, aquela pequena reunião fez uma grande diferença. O Call Center foi capaz de monitorar tanto o tempo que elas passavam no telefone quanto a soma das doações arrecadada. Um mês depois, as telefonistas que conversaram com os bolsistas dobraram os minutos de tempo que passavam ao telefone e arrecadaram muito mais doações: uma média semanal de US$ 503,22, ante US$ 185,94.
"Mesmo o contato breve, mínimo, com os beneficiados pode servir para os funcionários se manterem motivados", escreveram os pesquisadores no estudo, intitulado "Impact and the Art of Motivation Maintenance: The Effects of Contact with Beneficiaries on Persistence Behavior" (O Impacto e a Arte da Manutenção da Motivação: Os Efeitos do Contato com os Beneficiados sobre o Comportamento Persistente), publicado no periódico Organizational Behavior and Human Decision Processes.

A China está preparada para aceitar o desafio de qualidade?

        O desafio do país é equilibrar a qualidade e a produção de baixo custo
                            
                          Porto da cidade de Shenzhen, na China


                      

Atormentada pela revolta dos consumidores e pelas punições mais rigorosas para a pirataria, falsificação e contaminação, a China se esforça para superar sua fama de fabricante de produtos de má qualidade. Os escândalos envolvendo os alimentos e os medicamentos contaminados, e os brinquedos envenenados pela tinta a base de chumbo, fizeram da qualidade uma prioridade para o governo chinês.


Embora o governo esteja criando agências reguladoras mais fortes e elaborando normas mais rigorosas, a fiscalização irregular significa que tanto as fornecedoras chinesas quanto os compradores estrangeiros terão de se encarregar do controle de qualidade. O desafio para as fabricantes chinesas é investir no controle de qualidade e nos processos de produção sem perder a vantagem delas como produtoras de baixo custo. Quanto às parceiras com empresas estrangeiras, o desafio parece mais simples: estabelecer e impor pontos de referência de qualidade efetivos.

Nesse artigo, parte de um relatório especial sobre o sistema de fabricação chinês, especialistas do Boston Consulting Group (BCG) e da faculdade de administração Wharton examinam como os padrões de qualidade estão sendo aplicados e como as fabricantes chinesas e suas parceiras de negócios estrangeiras podem alcançar essas metas.

Suposições Erradas

O desafio de qualidade da China começa com suposições e percepções erradas dos dois lados, atribuídas em parte à velocidade com que muitas empresas de países desenvolvidos adotaram a terceirização. O resultado foi uma inescapável “troca entre custo e qualidade” diz David Lee, sócio e diretor administrativo do escritório da BCG em Pequim, e especialista em rede de fornecimento e compras. Ele lembra quando os executivos de uma fabricante de rolamento de esferas ofereceram três tipos de preço: alta qualidade a preços altos, “qualidade aceitável” a preços mais baixos, e, pelo menor preço, “algo que vai girar e não enguiçar quando chegar ao cliente”.

Os compradores estrangeiros com frequência cometem erros estratégicos que acabam prejudicando a qualidade. Por exemplo, muitos pedem para os gerentes de compras dirigirem as negociações de contratos com os fornecedores, diz Benjamin Pinney, chefe do escritório da BCG em Xangai. “Eles têm uma mentalidade de comprador e se concentram apenas nas negociações de preços, e essa é uma transação que dispensa uma maior aproximação”, ele diz. Já que suas expectativas estão baseadas nas suas experiências com os fornecedores domésticos, eles nem sempre seguem os vendedores chineses para monitorar os processos de produção e os testes de qualidade.

Esses entusiasmos pelas transações que economizam custos podem tolher a habilidade dos compradores de medir corretamente os riscos ou de entender o contexto de se operar na China. “As empresas tinham urgência, trabalhavam com quaisquer fornecedores disponíveis ou seguiam pelo tato, sem saber no que estavam se metendo”, diz Pinney. Com pouco a perder, os fornecedores chineses concordavam prontamente em respeitar os padrões de qualidade. “Na grande corrida para a China nesses últimos dez anos, os atores de ambos os lados do muro foram incompetentes”.

Kodak surpreende e substitui responsável por reestruturação

O pedido de concordata tornou a empresa uma das maiores vítimas da era digital, depois que a empresa não acompanhou tecnologias modernas como a câmera digital


fachada da Kodak
Segundo o WSJ, a concordata da Kodak deverá ser ainda neste mês - ou, no máximo, no início de fevereiro


A Eastman Kodak substituiu o vice-presidente de reestruturação na segunda-feira, em uma decisão surpreendente dias depois de ter pedido proteção contra falência.
James Mesterharm, que trabalha para a consultoria AlixPartners e foi vice-presidente de reestruturação para a Parmalat nos Estados Unidos, substituirá Dominic DiNapoli, que é da FTI Consulting e tinha sido escolhido na semana passada.
A Kodak afirmou que não houve "desacordo ou diferença de opinião" com DiNapoli, mas não deu mais informações sobre a substituição.
A FTI trabalhará com a AlixPartners em alguns assuntos durante a concordata, disse a Kodak.
"Essa é uma medida muito incomum", declarou Ted Gavin, da NHB Advisors, que presta consultoria em reestruturação.
Um porta-voz da Kodak afirmou que a companhia não tinha conhecimento de nenhum conflito de interesse envolvendo DiNapoli.
A Kodak, ícone da fotografia que inventou a câmera de mão, pediu proteção contra falência na quinta-feira, culminando um longo processo de crise vivido por uma das companhias norte-americanas mais bem conhecidas.
O pedido de concordata tornou a Kodak uma das maiores vítimas corporativas da era digital, depois que a empresa não acompanhou tecnologias modernas como a câmera digital, um produto que ela mesma inventou.

Petrobras poderá ter mais mudanças na cúpula

Diretores de exploração e produção, financeiro e de abastecimento também poderão cair, segundo o jornal Valor Econômico

Almir Barbassa, diretor financeiro e de relação com os investidores da Petrobras
Almir Barbassa, diretor de relações com investidores da Petrobras, está entre os diretores que poderão sair
                        

Além da mudança na presidência, anunciada ontem, a Petrobras pode ter pela frente alterações em suas diretorias. Especula-se que Almir Barbassa, diretor financeiro, Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento, e Guilherme Estrella, diretor de exploração e produção, também poderão ser substituídos. As informações são do jornal Valor Econômico.

Especula-se que a presidente Dilma Rousseff queria a saída de Gabrielli desde a época em que ocupava o cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Após assumir o cargo de presidente, um pedido de Lula teria convencido Dilma a manter Gabrielli por, pelo menos, mais um ano.

Ontem, o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, o ministro Guido Mantega, manifestou que vai encaminhar, na próxima reunião do conselho, a indicação da atual diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster, para presidir a Petrobras.Graça Foster tem um estilo gerencial bem parecido com o da presidente Dilma Rousseff – ela costuma ser dura com quem não atende suas demandas.

Acredita-se que Estrella seria o próximo a sair, após Gabrielli. José Lima Neto, atual presidente da BR Distribuidora, seria cotado para substituir Foster na diretoria de gás e energia da Petrobras.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), confirmou que há um convite para que Gabrielli assuma uma das secretarias do estado.

Como a Kimberly vai mandar 300 funcionários trabalharem em casa

Pesquisa, treinamento de gestores e conversas periódicas foram algumas soluções adotadas pela empresa antes de adotar o modelo de home office



Kimberly
Consultora de TI da Kimberly-Clark, Daniela Chang, trabalhando em casa





Duas horas. Esse era o tempo médio gasto por cada funcionário da Kimberly-Clark para ir e voltar da sede da companhia, localizada na zona sul da capital paulista. O dado foi levantado em uma pesquisa com os empregados, há um ano. E, ao invés de engavetar a informação, a fabricante resolveu investir em um modelo de home office e enviar boa parte da turma para trabalhar em casa.
dex" ; font-family: arial, helvetica, clean, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; text-align: justify;">
A proposta é que 300 das 400 pessoas que trabalham hoje na parte administrativa da empresa trabalhem uma vez por semana fora do escritório e, com isso, tenham mais tempo para suas famílias e hobbies e também para... produzir mais. Isso sem contar os 400 profissionais da área comercial, que também já trabalham mais fora que dentro da companhia. 
“Ainda não conseguimos mensurar o retorno da iniciativa no desempenho desses funcionários elegíveis ao home office, mas acreditamos que o potencial seja enorme”, afirma Flávia Caroni, gerente de remuneração e benefícios da Kimberly-Clark no Brasil. O projeto piloto de home office acontecerá de janeiro a junho deste ano.
Antes de tomar a decisão, que passou a vigorar em novembro, a companhia tomou uma série de cuidados, baseados em quaro pilares. Saiba mais sobre cada um deles.
Pesquisa interna
Há um ano, a empresa fez uma pesquisa com todos os funcionários da sede da empresa, na Vila Olímpia, para ver quanto tempo eles levavam para ir e voltar de suas casas ao trabalho, quanto gastavam com o trajeto e quantos quilômetros percorriam.
Composta de dez perguntas, a enquete ainda incluía questões sobre como os profissionais achavam que a empresa poderia contribuir para a qualidade de vida de todos e também como os gestores avaliavam o desempenho de cada empregado.
No final, chegaram, resumidamente, ao seguinte resultado: os funcionários gastavam, em média, duas horas para ir e voltar no trajeto trabalho-casa. E os gestores acreditavam sim que o desempenho deles poderia ser melhor se esse tempo fosse mais curto.
Treinamento dos gestores
Em maio, a empresa passou, então, a estudar como colocar a opção de home office em prática na companhia. Foi definido que o projeto piloto aconteceria por seis meses na sede e, a partir dai, ficou claro que tudo só funcionaria bem com uma postura adequada dos gestores.
“Era preciso que eles incorporassem o projeto, soubessem valorizar a iniciativa para, assim, saberem como lidar com esse processo também novo para seus pares”, afirma Flávia.
Para isso, foi dado um treinamento com os 15 diretores e 68 gerentes da companhia – todos elegíveis ao home office. O objetivo foi dar a eles conhecimentos sobre a prática, seus benefícios e ferramentas para saberem avaliar seus subordinados durante o projeto piloto.
“É importante saber avaliar por que, dentro da lista de pessoas elegíveis ao trabalho em casa, algumas não conseguem se adaptar, enquanto que outras produzem até mais”, diz a gerente.
Conversa franca
Todas as áreas da empresa entraram no projeto. Financeiro, Marketing e Recursos Humanos foram algumas delas e, no total, apenas 100 pessoas do administrativo ficaram de fora. Como explicar isso a elas? O treinamento dos gestores também englobou isso.
“Os cargos classificados como não elegíveis foram aqueles que exigem a presença da pessoa no escritório, como a pessoa que opera a máquina de Xerox”, explica ela. “Nesses casos, o gestor teve de deixar claro esse motivo e para, algumas delas, dizer que elas talvez pudessem participar do projeto em outro momento”.
Para evitar qualquer tipo de conflito, todos da empresa passaram a receber uma newsletter mensal com diversos temas sobre home office. O conteúdo inclui dicas práticas para manter a produtividade no novo modelo como, por exemplo, organizar uma mesa de trabalho em casa.
Tecnologia adaptada
Para garantir a mobilidade do trabalho, e segurança das informações, a companhia teve de substituir desktops usados por 10% dos funcionários elegíveis por notebooks. “Os demais já trabalhavam com máquinas portáveis”.
Em todas elas, um sistema de telefonia foi implantado para que os telefonemas recebidos no ramal de cada profissional no escritório fossem direcionados para os seus computadores. Uma maneira simples de fazer com que nenhuma ligação seja perdida, sem que as pessoas fora da empresa saibam que o profissional nem em sua mesa está.
Cuidados jurídicos
Em janeiro, os funcionários assinaram um termo de adesão ao home office feito pela área jurídica da própria companhia. O documento explicava com detalhes como se daria o processo e deixava claro que, com o sistema, o empregado teria apenas que cumprir a mesma jornada de trabalho cumprida na empresa – porém, fora dela.
O termo ainda esclarecia que nenhum benefício e salário combinado na contratação das pessoas seriam alterados pela novidade. “Os profissionais ainda teriam de combinar com seus gestores em qual dia da semana poderiam optar por trabalhar de casa”, fiz Flávia. A maioria dos funcionários optou para conciliar o dia do home office com o do rodízio de seus carros. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Google e Apple serão investigadas por acordos ilegais

Uma ação civil investiga um suposto acordo de não contratação de funcionários entre diversas empresas, como a Apple e o Google

A Adobe, Apple, Google e Intel, com os estúdios LucasFilm, Intuit e Pixar, serão julgados na próxima quinta-feira, 26. Uma ação civil, aberta no ao passado, investiga um suposto acordo de não contratação de funcionários entre si, o que, segundo as autoridades judiciais, prejudicaria consideravelmente a competitividade no setor.

A ação corre na Corte de San Jose, na Califórnia, e sustenta que houve "supressão de direitos dos empregados", pois os funcionários estariam limitados em suas oportunidades de empregos. O processo cita, inclusive, documentos nos quais uma empresa era orientada a "não oferecer vagas de trabalho", sem antes ter a aprovação de seu antigo empregador.

A questão foi investigada pelo Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos em agosto de 2010. Na ocasião, as empresas envolvidas pediram o cancelamento do processo por "falta de evidências". No mês seguinte, o DOJ firmou um acordo com as empresas para fim de tais práticas, mas não estabeleceu punições.

A ação civil, desta vez, busca repor os danos a qualquer assalariado que trabalhou para uma das acusadas entre 2006 e 2010.

Petrobras confirma indicação de Maria das Graças Foster à presidência


Graças Foster

Nome da executiva será indicado na próxima reunião do conselho de administração da estatal por Guido Mantega


Os rumores de que Maria das Graças Silva Foster, diretora de gás e energia da Petrobras, seria substituta de José Sergio Gabrielli na presidência da estatal foram confirmados, nesta segunda-feira.
O nome da executiva será indicado pelo presidente do conselho, Guido Mantega,  na próxima reunião do conselho de administração da companhia, que acontece no dia 9 de fevereiro.
Segundo nota divulgada pela Petrobras, Mantega manifestou que vai encaminhar a proposta para o conselho. A saída de Gabrielli deve ser confirmada assim que o nome de Graças for confirmado.
O atual presidente da estatal disse em entrevista à agência Reuters, ontem, que não tinha  renunciado à presidência da Petrobras e que qualquer mudança deveria ser determinada pelo presidente do conselho.
"Não estou apto a fazer nenhuma especulação a esse respeito", afirmou Gabrielli.
Gabrielli está à frente da Petrobras desde 2005. O executivo teria aspirações políticas e deve concorrer a um cargo executivo na Bahia, segundo rumores de mercado, ele estaria interessado em disputar o cargo de governado no estado baiano nas eleições de 2014.

Heródoto Barbeiro: "O espírito crítico do brasileiro ainda é pequeno"

"Cabe ao público exigir do veículo de comunicação credibilidade", defende o jornalista
Francisco Viana e Ricardo Bressan*
De São Paulo
O Jornalista Heródoto Barbeiro dispensa apresentações. Ele é uma presença viva e firme na imprensa brasileira.

Nesta entrevista, ele analisa o jornalismo de televisão e afirma que com o advento das mídias digitais, os meios de comunicação eletrônicos tradicionais, não têm mais a soberania sobre a informação, mesmo que, ainda, sejam majoritários como formadores de opinião.

Terra Magazine - As denúncias têm crescido no Brasil. Como repercutem na televisão?

Heródoto Barbeiro - O impacto hoje é menor que há cinco anos. Quando a denúncia chega à televisão, provavelmente, já passou pela internet e por todas as ferramentas da própria internet. Então, raramente alguma notícia é dada com exclusividade na televisão. Mas a própria televisão tem suas ferramentas de comunicação nas redes sociais (facebook, twitter), que vai aquecer o noticiário. Por e-mail as pessoas falam, publicam nos sites. Portanto, a televisão não tem mais aquele monopólio do impacto que tinha há cinco anos, graças ao advento das redes sociais.

As revistas desenvolveram critérios de apuração de exclusividade, sobretudo, nesse campo de denúncias. A televisão não vem fazendo a mesma coisa? Não tem equipes próprias?

HB: Sim, a televisão tem equipes próprias. Mas eu creio que ainda os veículos mais investigativos são da imprensa escrita, como jornais, revistas, etc. Acho que eles têm uma tradição maior de apuração, de investigação e uma quantidade de fontes já consolidadas que, geralmente, os veículos eletrônicos não possuem.    
      
Por que tal particularidade?

HB: A origem está nas próprias características dos veículos. Os veículos eletrônicos de uma maneira geral, isso também inclui aqueles que são propagados via internet, estão muito mais próximos do hard news, mais próximos do cotidiano. Então o que é que sobra para o veículo impresso? Para ele sobra a analise, os artigos, os debates, para ele sobra muita opinião. O que acabou foi o seguinte: "Se o Globo não deu ninguém sabe o que aconteceu". Isso é coisa do passado.

Qual  critério que usa para publicar uma crise? 

HB: Primeiro, procuro apurar devidamente se aquilo que estamos publicando é verdade. A maior pisada na bola que nós jornalistas damos, constantemente, é publicar alguma coisa que não aconteceu. Isso é um ponto. A apuração deve ao menos se aproximar daquilo que acontece, como no caso dos veículos de grande credibilidade no mundo, como, por exemplo, a BBC. Quando o Kadafi morreu, eu estava trabalhando aqui à tarde. Vários sites internacionais, dizendo que ele tinha morrido. A BBC News não publicou. Depois de duas ou três horas, ai sim, apareceu a BBC dizendo que ele estava morto.
Eu conheço um pouco o manual de redação da BBC. Eles não publicam se não tiverem três fontes dizendo que realmente aquele fato aconteceu. Portanto, você tem duas alternativas: ou você cultiva essa confiança do seu público, publica se aquilo realmente é um fato real, ou então, você vai naquela onda, naquela enxurrada de que todos estão falando, só nós que não. O que nós vamos fazer? Vamos falar também. De certa forma, a mídia navega um pouco entre essas duas questões. Agora, eu acho que quem define tudo isso é o público, ou seja, é ele que deve fiscalizar e exigir do veículo de comunicação, credibilidade. Infelizmente, nós por uma questão histórica, não temos ainda essa tradição, essa construção da cidadania, essa formação do espírito crítico, de tirar um determinado veículo de nossa lista se porventura ele não tem credibilidade.   Nós vamos, ainda, muito naquele denuncismo vazio, na celebridade, na personalidade. De atirar pedra num dia e no seguinte nós não falamos nada por que aquele fato não aconteceu.

A que você atribui o fato do brasileiro ainda ser pouco crítico com relação a mídia, apesar de todo o espaço democrático que conquistou?
 
HB: Isso se deve fundamentalmente a nossa baixa escolaridade, ao nosso baixo desenvolvimento cultural e, principalmente, ao fato de que nós não temos uma tradição democrática no nosso país. Em 500 anos de história, efetivamente, tivemos cinqüenta anos de democracia, em duas prestações de 25. Uma que vai de 46 a 64 e outra de 85 pra cá. Democracia você não constrói com duas parcelas de 25. É um processo contínuo. Nas democracias liberais consolidadas o processo vem de alguns séculos. No caso britânico, por exemplo, a revolução gloriosa data do final do século XVII. Não temos, ainda, a formação desse espírito crítico. A mídia, assim como os políticos, assim como outros acontecimentos de nosso país, é o retrato daquilo que a população é. Olhamos para uma Câmara Municipal e dizemos: “Como é que nós elegemos esses caras. Porque são eles que representam, infelizmente, a maneira das pessoas serem”. Nós estamos naquele nível ali da Câmara Municipal, ou da Câmara Federal, ou do Senado. A mídia não é diferente.  
  
Contudo, a mídia é criticada diariamente em palestras, nas mídias sociais, nas entrevistas. Como explicar essa dissintonia: A crítica verbal de um lado e a falta de ação do outro? 

HB: Nós caímos num caso extremamente interessante, que não só se aplica a mídia, mas a outras questões brasileiras. Nós sabemos o que queremos, mas não sabemos como concretizar aquilo que nós queremos. Ninguém quer corrupção, mas ninguém sabe como combatê-la. Ninguém quer o Judiciário comprometido, mas nós não sabemos como desenvolver um Judiciário que não seja comprometido e a mesma coisa com a mídia. Nós a criticamos, mas não sabemos dentro desse mar de opções que hoje nós temos uma quantidade inacreditável de possibilidades. Não somos capazes de selecionar aqueles que não têm credibilidade, para que eles se enfraqueçam. Não! Nós damos Ibope, nós compramos jornal, compramos revistas, nós damos audiência na mídia eletrônica, porque de certa forma ela satisfaz ao meu índice de cidadania, infelizmente.

Esse critério de julgar a mídia se deve mais a um fator de educação, de formação de opinião pública, ou é baseado, primordialmente, no Ibope, no que a população pode querer? 

HB: Há uma simbiose entre aquilo que os donos de veículos de comunicação querem dar e aquilo que a população quer comprar, ver ou assistir. Se pegarmos um desses Realities Shows que estão na moda e olharmos os índices de IBOPE. Eles são altíssimos. Aliás, eles são os programas mais rentáveis da televisão brasileira. Não só vendem o IBOPE, vendem merchandising, vendem um monte de coisas. Eu não sou contra, as pessoas têm o direito de escolher aquilo que elas devem ver.  Os veículos fazem pesquisas qualitativas para saber o que essa população quer.

E o noticiário. Como fica nesse processo?

HB: O noticiário sobrevive de duas formas: ou está ancorado em programas que têm grande audiência, como é o caso do Jornal Nacional, que fica entre duas grandes novelas com boa audiência. Ou são programas sensacionalistas, como esses noticiários de final de tarde. Daqueles que se espreme sai sangue. Falam um monte de bobagem, um monte de coisa, absolutamente, sem nenhuma checagem. E há, ainda, os canais especializados que fazem jornalismo, mas têm pouca audiência. Eu mesmo trabalho num jornal que tem uma audiência diminuta. Porque atinge um determinado grupo de pessoas que são aquelas que estão interessadas em notícia. Isso dentro da pirâmide brasileira. Não estou falando de pirâmide econômica, falo da pirâmide crítica brasileira que, infelizmente, é muito pequena.

Como fica o papel do jornalista entre tais extremos?
 
HB: Eu não sei. Eu nunca fiz um programa desses. Eu fiz a TV Cultura. Fiz rádio, na CBN. Felizmente na Record estou fazendo jornalismo. Eu não, a nossa equipe está fazendo jornalismo. Mas por quê? Porque essa empresa é muito grande e ela tem um braço, que é o braço jornalístico da emissora. Nele, onde estou há oito meses, nós temos falado tudo.

O que significa falar tudo? 

É comentar o que quiser. Quem escolhe o que falar é o jornalista, não o veículo

É isso que seria fazer jornalismo ou teria mais alguma coisa? 

HB: Não, tem muito mais coisas, mas isso é a base. Fazer jornalismo significa entender o seguinte: o jornalista é um ator social, o jornalismo é um espaço para debate. É preciso estimular a formação do espírito crítico das pessoas. O jornalista deve ser absolutamente plural para que todas as pessoas venham a dizer o que elas pensam a respeito de um assunto. E mais do que ser um formador de opinião, o jornalista é um provocador de opinião. Porque opinião as pessoas têm. Elas precisam ser provocadas.

Cite um exemplo? 

HB: Recentemente, li um artigo publicado na BBC Brasil sobre Aquecimento Global. E tinha lá duas linhas, citando o nome de um professor da USP que diz não existir Aquecimento Global e estava escrito: “A mídia brasileira, não dá espaço para nós”. Convidei o professor para vir aqui. Eu o achei extremamente frágil, mas ele tinha o direito, até mesmo pela titulação, de vir aqui e dizer: “Esse negócio de aquecimento global é uma luta entre capitalismo de um lado e o socialismo do outro lado”. Eu nunca tinha ouvido falar isso. Mas para mim, ele tem o direito de dizer, porque isso provoca a reação das pessoas. E essa reação é que é a formação da opinião crítica.

Como é que é seu relacionamento com as assessorias de imprensa nesse contexto que você está falando?

HB: Eu sempre me relacionei bem com as assessorias de imprensa, da seguinte forma: podem mandar toda sugestão de pauta, para eu saber se tem notícia ou não. Se é relevante ou não. Se tem interesse público ou não. Se tiver eu faço. Se não tiver, eu não faço. Porque o interesse privado quando coincide com o interesse público, passa a ser de interesse público.

Essa é a sua definição de notícia? 

HB: É uma das formas. Se for de interesse público é notícia. Eu não posso, por exemplo, fazer uma matéria dizendo assim: Uma grande empresa de automóveis lança num determinado supermercado um saldão que parou a Marginal. E no outro dia eu escrevo: O teto de tal supermercado caiu. Ou seja, eu dou o nome do supermercado quando cai o teto, mas não dou o nome quanto a outro acontecimento relevante, que é uma venda, pois as pessoas podem suspeitar que eu esteja recebendo alguma graninha ou do supermercado ou da montadora de automóvel para dizer o nome da marca. Eu acho que é uma hipocrisia que, infelizmente, nós ainda não ultrapassamos. Estou falando no geral, do jornalismo brasileiro.

Para que o Brasil transite para uma democracia que sai dessas duas prestações de 25 anos e chegue a uma democracia plena, qual seria o referencial nesse campo de mídia, de televisão, seria só a Inglaterra ou teria outros referenciais?

HB: Há referenciais históricos como Inglaterra, EUA, a França, etc. Mas há um referencial agora de ordem tecnológica, que é uma coisa que as pessoas não estão olhando. Eu faço um pequeno trabalho aqui na periferia de São Paulo. O que a molecada mais gosta lá é de uma rádio WEB que nós desenvolvemos. A molecada toda interage, mandando pequenas notícias que são coisas de interesse da comunidade. Coisas que não podiam fazer antes, mas que hoje estão fazendo. Nós estamos deixando de ser apenas os receptores e estamos sendo, também, emissores de notícias. Emissores de comentários, emissores da nossa maneira de ser. E não é só o pessoal que tem seus grandes lap tops não. Lá na Lan house, lá na periferia, o pessoal faz isso. É uma transformação, bem vinda!  De baixo para cima, cavalgando nessa tecnologia.

Além dessa, que outras tendências você vê no caso brasileiro hoje?  

HB: Há um amadurecimento de determinadas camadas da população brasileira, graças à ascensão econômica que está havendo no Brasil, desde o começo do governo Lula para cá. Propiciou as pessoas a entrarem em determinados lugares, onde elas não entravam. Elas começaram ver coisas que elas não sabiam que existiam. Eu me lembro que lá na periferia, a escolinha fazia uma excursão para levar as crianças ao shopping. Elas nunca tinham entrado no shopping. Que dizer, eu não estou dizendo no aspecto consumista. Antes, as crianças não entravam, eram crianças da periferia. Em suma, elas viram que existe outro mundo. E aquilo desperta obviamente o desenvolvimento das pessoas. Isso ajuda, também, a construção dessa sociedade.

Os conselhos de comunicação que os governos estão criando vão evitar a manipulação do noticiário, despertar o espírito crítico? 

HB: Não. Quem vai mudar é a sociedade. Falo da igreja, da paróquia, da sociedade amiga de bairro, do sindicato, da central sindical. Eu estou falando das organizações que a sociedade monta. Não se dá importância à essas pequenas organizações porque no Brasil tudo é centralizado. Nós temos, também, é uma história de achar que o país descentralizou com a República. Na verdade o nosso federalismo, pelo contrário, ele não federalizou coisa nenhuma.   O poder sempre foi central no Brasil e, historicamente, sempre foi unitário e continua sendo. A arrecadação de impostos vai toda para mão do Governo Federal e ele distribui. Quem tem o dinheiro manda! Mas eu acho que a sociedade, como uma neoplasia, está descobrindo pequenos filetes, pelos quais ela circula.

Qual é a mensagem que você dá para quem está iniciando hoje na televisão, para aquele jornalista que está começando nesse mundo da notícia eletrônica?

HB: A minha sugestão, na verdade, é a seguinte: jornalismo é jornalismo, não importa em qual plataforma ele se propaga. O jornalismo de televisão não é diferente do jornalismo de rádio, não é diferente do jornalismo de jornal. Jornalismo é jornalismo. As regras são as mesmas. O interesse público é o mesmo. O critério de avaliação, de relevância é o mesmo. E, principalmente, os parâmetros éticos são os mesmos. Pode-se  dizer: mas tem a tecnicidade de cada um deles. Sim. Mas são coisas que com cursos de final de semana, eu resolvo. Eu não posso entrar numa faculdade de jornalismo e ficar 6 meses aprendendo a lidar com um equipamento. Vou lá ao SESC, num curso de final de semana e aprendo. O que eu preciso discutir? A relevância social do jornalismo. A importância, a contribuição que o jornalismo tem para a democracia. Isso não se discute nas escolas. Elas pegaram o essencial e fizeram isso virar o supérfluo e pegaram o supérfluo e fizeram disso o essencial.

O supérfluo é a coisa técnica?

HB: O supérfluo é o técnico. É você mandar um e-mail, é entrar na internet. Isso eu não posso aprender na faculdade. O que eu tenho que discutir na universidade é o seguinte: Como é que nos ajudamos a construir democracia com notícias corretamente apuradas. Uma coisa que nós não fazemos: não damos direito de resposta. E direito de resposta deveria ser uma questão ética, e não uma questão legal, ou tem que ser os dois simultaneamente.

Em outras palavras, nós estamos muito atrasados?

HB: Nós estamos mudando. Estamos melhor que há 5 anos.

Qual é sua visão de futuro nessa mudança?

HB: Cada vez mais, há possibilidade de receber notícias, de divulgá-las sem passar pelas artérias principais, que são os grandes núcleos de comunicação que existem no país. Nós não dependemos mais deles. Antes se dependia, hoje não se depende mais. Nem língua é mais barreira para se saber coisas. Porque eu não falo alemão, mas se eu souber que tem uma reportagem o programa do computador traduz de uma maneira que eu possa entender. Tudo está fervendo. O caldeirão está fervendo.  
                                   
Ricardo Bressan é jornalista, MBA em gestâo da Comunicação Empresarial pela Aberje, consultor em Comunicação Organizacional  e colunista da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (e-mail: ricamabre@hotmail.com)

Francisco Viana é jornalista, mestre em filosofia política pela PUC-SP, consultor de empresas e autor do livro Hermes, a divina arte da comunicação. É diretor da Consultoria Hermes Comunicação estratégica (e-mail: viana@hermescomunicacao.com.br)