quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Seria cômico se não fosse trágico

Foto


O documentário “The Yes Men Fix the World” narra a história de dois atores ativistas que se passam por porta-vozes de grandes multinacionais, com objetivo de recuperarem suas reputações frente aos seus públicos de interesse, sem que elas saibam é claro. 


Sendo assim, em uma de suas aparições, eles assumem, ao vivo, em cadeia nacional, para 300 milhões de pessoas, todos os prejuízos, impactos ambientais e danos causados as comunidades, incluindo contaminações aos lençóis freáticos, intoxicações e mortes de animais e seres humanos. Sem a ciência das organizações se comprometem a ressarcir ou indenizar todos os prejuízos causados. 


O longa está dividido em 9 partes no youtube.

Aqui, segue uma prévia de 10 minutos desse incrível filme que nos mostra que a imagem de muitas empresas não condiz com sua identidade. 
Veja o preço que elas pagam, neste caso, ao se eximirem de alteridade e ética para com seus stakeholders. 
Deveria ser sempre assim. Felizmente, nos dias de hoje, a transparência, o fortalecimento da identidade corporativa, através dos laços institucionais, têm sido, cada vez mais, imprescindíveis para a perenidade e a valoração de qualquer tipo de negócio. 

Assista: 









quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A utilização dos memes como indicadores estratégicos das organizações



Na última semana, reli um livro chamado o Gene Egoísta de Richard Dawkins¹ (1976), que me remeteu ao conceito de MEME, termo muito usado atualmente e que, em minha visão, tem a ver com as mudanças paradigmáticas no contexto do organismo social, ou seja, nas organizações públicas, privadas e na sociedade como um todo. 
Antes de entrar no assunto, retomemos alguns aspectos que contextualizam a transição axiomática pela qual passamos:
 


A partir da década de 90, a ênfase na tecnologia digital baseada na interatividade, na formação de redes e na busca incansável de novas descobertas tecnológicas, mesmo quando não faziam muito sentido comercial, não combinava com a tradição hierárquica de controle e autoritarismo advindos de sistemas burocratizados ou fundamentalistas das organizações, fossem elas públicas ou privadas. Elas viviam, e muitas delas vivem até hoje das reminiscências atávicas do capitalismo pós-revolução industrial.
Poderíamos dizer que essa evolução difundiu, pela cultura de nossas sociedades, o espírito libertário dos movimentos dos anos 60. 


O resultado foi uma arquitetura de rede que, como queriam seus criadores, não pode ser mais controlada e centralizada, pois passou a ser composta por milhares de redes de computadores autônomos com inúmeras maneiras de conexão.
Essa rede foi sendo apropriada por pessoas e grupos no mundo inteiro, com objetivos, e segmentada em nichos, com interesses específicos, bem diferentes das preocupações bilaterais que se encerraram com a Guerra Fria.

Isto quer dizer que o capitalismo informacional, com base nas novas tecnologias digitais, se configura num contexto menos ideológico e mais sistêmico, ou seja, pragmático, dialógico e não linear alinhado às interfaces do organismo social movido por um modelo COMPENSATÓRIO. Esse, por sua vez, busca o equilíbrio social, ambiental e econômico que fortaleça politicamente os laços institucionais entre organizações e sociedade, hoje dispersada em rede, mesmo com todas as deficiências estratégicas que dificultam a existência de uma força social politizada capaz de consolidar, em curto prazo, indicadores e objetivos bem definidos.

Vivemos um momento de transição e, no entanto, partimos para a utilização imediata de novos conceitos como, por exemplo, o de Sustentabilidade que se amalgama com todas as ideologias no decorrer da evolução humana e da história.
Sendo assim, COMUNICADORES CONSULTORES ao se relacionarem com organizações, muitas vezes não se farão entender, ou serão mal compreendidos.
Voltemos agora ao meme:

Segundo Richard Dawkins, criador do conceito, o meme é um código cultural que prevalece de acordo com a sua força de transmissão e assimilação dentro do organismo social. Usado como metáfora, Dawkins, analogamente, observa o processo de evolução cultural, assemelhando-o à teoria da evolução de Darwin: um meme seria como um gene, ou seja, sobrevive aquele que melhor se adapta ao meio. Assim, como o gene, ele mantém sua capacidade ou força de persuasão, até ser eliminado ou superado por um novo meme.

Transpondo esse conceito para o mundo organizacional podemos inferir:

Os memes verticalizados, sejam os das organizações públicas, privadas ou da mídia eletrônica (que contém os códigos culturais e que até há pouco tempo prevalecia e conduzia soberano, a conduta social) defrontam-se, hoje, com novos memes, que se formam nas redes sociais dentro do ambiente das mídias digitais, num embate constante com o automatismo da REPLICAÇÃO EGOÍSTA ou verticalizada.

Ele descreve os seres humanos (aqui no caso, também, as organizações formadas por eles), como veículos e replicadores de genes (porção do DNA capaz de produzir um efeito no organismo que seja hereditário e possa ser alvo da seleção natural) e de memes que se replicam e sobrevivem de forma semelhante aos genes, através de um processo de seleção e competitividade. Segundo ele, somos veículos, mas não necessariamente serviçais:

"Somos construídos como máquinas de genes e educados como máquinas de memes, mas temos o poder de nos revoltar contra os nossos criadores. Somos os únicos na Terra que temos o poder de nos rebelar contra a tirania dos replicadores egoístas".

Para Dawkins, uma das razões para o grande apelo exercido pela teoria da seleção de grupo talvez seja o fato de ela se afinar completamente com os IDEAIS MORAIS E POLÍTICOS partilhados pela maioria de nós. Como indivíduos ou organizações, não raro, nos comportamos de forma egoísta (identidade). Nos momentos idealistas reverenciamos e admiramos aqueles que colocam o bem-estar dos outros em primeiro lugar (imagem).

Na maioria das vezes o “altruísmo” no interior das organizações se faz acompanhar pelo egoísmo e conflito de interesses entre elas. Aí a necessidade de uma POLÍTICA COMPENSATÓRIA, entendendo-se por isso, a função de cada uma delas, com FOCO NOS SEUS OBJETIVOS (missão e visão) e RESULTADOS, respeitando a cultura de todos aqueles envolvidos no processo.
 

Fundamentalismo Organizacional
 

Como em qualquer tipo de fundamentalismo, o organizacional ou empresarial fica preso aos memes advindos do pensamento individualista da burguesia em ascensão pós-revolução francesa (século XVIII) que deu início a revolução industrial (século XIX). À época passamos da produção artesanal, para a produção industrial em massa. Como Karl Marx dizia, a exploração do homem pelo homem. O homem visto como extensão da máquina.

Advindos da evolução do pensamento científico administrativo desta época, os memes originados do taylorismo e fordismo, mesmo que ultrapassados, permanecem vivos e atuantes, mesmo com as mudanças proporcionadas pelas tecnologias da informação, principalmente, a digital.

Saímos da semântica da aplicabilidade dos termos “capitalismo”, “comunismo”, “sustentabilidade” para nos atermos à historicidade, à dialética, à prática. O ponto de partida é o SISTEMA DE COMPENSAÇÃO que prossegue com o esclarecimento de uma evolução que desloca a sociedade de um modelo de submissão para um modelo interativo e reivindicatório, cada vez mais contundente, devido às diversas filtragens e trocas de informações.

O conceito de sustentabilidade da forma como é proposto, portanto, muitas vezes soa genérico demais, para não dizer utópico, para grande parte das organizações. Explicada de forma específica, pragmática e sistêmica, a SUSTENTABILIDADE, obedecendo a uma semântica mais adequada ao mundo corporativo, possibilita uma melhor recepção de sua complexidade e aplicabilidade pelos líderes organizacionais.

Enfim, a sustentabilidade mais do que um conceito, é um processo evolutivo da sociedade, ou seja, faz parte da metamorfose que se deu de baixo para cima graças à formação de memes horizontais e transversais. Eles evoluíram, como consequência dos embates entre grupos, organizações e sociedade e se fortaleceram, principalmente, com o advento das tecnologias digitais.  

Como adverte Dawkins, devemos lembrar que a evolução não procede no interesse dos genes, nem daqueles indivíduos que carregam os memes, mas apenas no exclusivo interesse dos próprios memes. É por esse motivo que tanto os memes, quanto os genes, são descritos como “egoístas”. Os replicadores (pessoas, grupos, organizações, sociedade organizada) não são egoístas no sentido de seus hedonismos e idiossincrasias. São egoístas no sentido de que serão replicados, se puderem sê-los. No caso dos memes, eles nos usarão para que possam ser copiados e permanecerão aqueles com maior força de persuasão/impacto dentro do organismo social, dependentes de estratégias e projetos bem definidos, sem se interessarem por seus efeitos sobre nós, sobre nossos genes, sobre nosso planeta ou sociedade. 


Fonte: Aberje 

¹ Richard Dawkins nasceu  em Nairobi, Quênia, em 1941. Lecionou zoologia na Universidade da ,California, em Berkeley e na Universidade de Oxford, Inglaterra  Em 2005 foi eleito o mais influente intelectual britânico pela revista Prospect, e nesse mesmo ano assumiu a cátedra Charles Simonyi de Compreensão Pública da Ciência, que ocupou até 2008.___________________

ReferênciasDAWKINS, Richard. O Gene egoísta.  8º ed. Companhia das letras, 2013. 540p.CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede Vol.1. 13º ed. Paz e Terra, 2010. 698p.  MARX, Karl. O Capital: crítica da economia politica Vol.1. 31º ed. Civilização Brasileira, 2013. 571p.  

A COMUNICAÇÃO INTERNA, mais do que a IMAGEM, fortalece A IDENTIDADE ORGANIZACIONAL

No último artigo falei sobre o posicionamento do Papa Francisco e da sua importância como líder e porta voz da Igreja Católica. 

A contundência de suas declarações vem, através de sua imagem, a fortalecer, ou melhor, a REFORMULAR A MISSÃO DA IGREJA que segundo ele é a DE TRANSMITIR O AMOR E A MISERICÓRDIA DE DEUS, propondo uma nova VISÃO AO CATOLICISMO: AUMENTAR AO MÁXIMO A QUANTIDADE DE FIÉIS À INSTITUIÇÃO. 

Para Sua Santidade, a Igreja deve ser um lugar para todos e não uma pequena capela capaz de abrigar um “grupo seleto de pessoas” destinado a se tornar a base “criativa”, num mundo cada vez menos religioso, como defendia Bento 16, seu antecessor, com sua teologia ortodoxa e discriminatória.

Em uma de suas afirmações mais contundentes disse o papa:

“OS PROTAGONISTAS DA IGREJA SÃO OS FIÉIS E NÃO A HIERARQUIA.” 

Utilizo-me dessa introdução para exemplificar e contextualizar como acredito que deveria ser o posicionamento de qualquer corporação ao que tange o planejamento estratégico de comunicação, tendo como ponto de partida a comunicação interna.




Na percepção da  Análise SWOT,  vejo a dificuldade das organizações em entendê-la ou colocá-la em prática. Eis o motivo: não é a sociedade  que deve se adaptar a elas(ameaças) e sim elas às demandas do organismo social (oportunidades), caso não queiram ficar presas à sua NATUREZA FUNDAMENTALISTA.


Percebo, numa análise subjetiva, a nossa natureza egoísta. Sendo as organizações formadas por pessoas, na maioria das vezes, ficam presas às suas idiossincrasias(fraquezas). 


Uma vez que as corporações funcionam através de decisões de pessoas: altruísmo, pensamento coletivo, apreender o outro, ouvi-lo, interagir; deveriam fazer parte de suas preocupações de caráter interno (forças) e não só se limitarem a emissão de mensagens aos stakeholders que reforcem uma "relação" vertical e autômata. Esse deveria ser o objetivo maior da comunicação corporativa.  


Focadas num modelo de COMUNICAÇÃO INTERATIVO e DIALÓGICO ALIADO à GESTÃO teriam mais segurança e firmeza na tomada de decisões. 
Mais do que comunicados gerenciais ou da alta gestão organizacional, os canais de comunicação interna e suas peças deveriam ter como objetivo integrar a FAMÍLIA CORPORATIVA, ou seja, utilizar a interação e a troca de conhecimento como meio de diagnosticar e reformular processos e operações para obtenção de resultados perenes.
Para isso é imprescindível a participação de todos os colaboradores (independente de hierarquia ou área de atuação), tirando-os do automatismo, enxergando-os como produtores de ideias e conhecimento.

A valorização da potencialidade humana diminui o ABSENTEÍSMO e o TURNOVER, permitindo que as organizações mantenham seus colaboradores alinhados à missão, visão e a estratégia organizacional. Sendo assim, a imagem passa a refletir o fortalecimento da identidade institucional. 
Um modelo moderno de gestão não deve se ater somente a transmitir informação, mas, sim, criar um AMBIENTE COMPENSATÓRIO em que os colaboradores possam discutir e questionar as informações.

Acreditar que as  soluções estão exclusivamente sitiadas no alto escalão é um erro. Os líderes devem perguntar e não só dar respostas, pois quem está no dia a dia das operações tem mais conexão com a realidade dos fatos.
Segundo Priscila Tescaro, consultora em comunicação interna, “é necessária uma atualização da mentalidade dos gestores para acompanhar a evolução do mundo que está mudando cada vez mais rápido e agilmente”. 

O sucesso de Napoleão Bonaparte¹ como general se deu pela escolha de oficiais; pelo mérito e não pela hierarquia ou títulos de nobreza, como ocorria até 1789, início da Revolução Francesa², com a Monarquia Absolutista³.
Revolução Francesa


A maioria das organizações e seus líderes ficam presos às ideias, muitas delas advindas do século XIX, e não acompanham a MUTAÇÃO CULTURAL. Corporações aderem à retórica da sustentabilidade, para fortalecer imagem e não identidade. Sendo assim, o objetivo, por muitas vezes, fica preso ao discurso e a construção de significados falaciosos (greenwhashing, socialwashing). É preciso conscientizá-las de que imagens não se sustentam por muito tempo se não forem condizentes as suas identidades. A sociedade, nos dias de hoje, anda menos míope. 

Fonte: Aberje

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¹ Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte, nascido Napoleone di Buonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 — Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (20 de março a 22 de junho). Sua reforma legal, o Código Napoleônico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleônicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
² A reavaliação das bases jurídicas do Antigo Regime foi montada à luz do pensamento Iluminista, representado por Voltaire, Diderot, Montesquieu, John Locke, Immanuel Kant etc. Eles forneceram pensamentos para criticar as estruturas políticas e sociais absolutistas e sugeriram a ideia de uma maneira de conduzir liberal burguesa. A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14 de Julho de 1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa.

³ Monarquia absoluta ou absolutista, segundo a definição clássica, é a forma de governo monárquico na qual o monarca ou rei exerce o poder absoluto, isto é, independente e superior ao poder de outros órgãos do Estado. O monarca está acima de todos os outros poderes e concentra em si os três poderes do constitucionalismo moderno - legislativo, executivo e judicial.

Algumas monarquias têm legislaturas fracas ou simbólicas e outros órgãos governamentais que o monarca pode alterar ou dissolver a vontade.



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Papa contesta dogmatismo da Igreja Católica

Estratégia ou posicionamento isolado?

fonte: Aberje 

por Ricardo Bressan
 
“A descoberta final é que somos fundamentalistas. Esses fundamentos são os sapatos com os quais caminhamos pela vida. Embora úteis, não deixam de ser uma superfície artificial que nos isola do solo vivo. Sair da construção desses fundamentos nos faz conhecer o alivio e a possibilidade de expansão. E aí, muito além do conforto do sapato, podemos conhecer o que é ‘santo’, o que é essencial.” Nilton Bonder¹ 
 
Felizmente, o Vaticano despertou, ao que me parece, para um posicionamento frente à mudança paradigmática que se instala no organismo social. Ou mudam sua estratégia, ou perderão cada vez mais fiéis (públicos de interesse) para instituições menos ortodoxas e fundamentalistas. 
 
O Papa Francisco reflete, com seu carisma e interação, as características de um verdadeiro líder ou porta voz.  Ao criticar a obsessão da Igreja pela proibição do aborto, casamento gay e contracepção, questiona o dogmatismo ou fundamentalismo católico de forma veemente, assim fortalece e agrega valor a identidade dessa instituição que há muito anda fragilizada. 
 
Desejo que as organizações, sejam elas religiosas, públicas, privadas e outras, sigam esse exemplo. Graças às manifestações das minorias, muitas delas começam a enxergar que não estão mais lidando com uma sociedade meramente submissa. 
 
Instituições devem se posicionar estrategicamente, notando que não é ela que deve se adaptar aos seus valores e cultura, mas sim enxergar suas forças e fraquezas diante à MUTAÇÃO CULTURAL EXTERNA, para que possam aproveitar as oportunidades frente a uma sociedade cada vez mais CREDORA DE COMPENSAÇÕES que valham o seu investimento, seja ele espiritual, emocional ou financeiro.
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¹ Rabino Nilton Bonder é escritor reconhecido nacional e internacionalmente como pensador nas áreas de humanismo, filosofia e espiritualidade, tem livros publicados com grande sucesso nos EUA, na Europa e na Ásia. No Brasil, seu livro mais recente, O Sagrado, editado pela Rocco, figurou na lista dos mais vendidos. Também publicou A alma imoral, adaptado para o teatro.
 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Transitamos do individualismo para a alteridade organizacional

Fonte: Aberje

Numa nova configuração de paradigmas, as organizações – públicas, privadas, entidades de classe e outras – devem se enxergar como parte do organismo social e reconhecerem nele um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO (econômico, social e político) de acordo com o segmento em que atuam, assim como identificarem o impacto causado aos seus públicos de interesse. 


Nesta nova conjuntura, hoje denominada de “SOCIEDADE EM REDE1”, imagens organizacionais não se sustentam por muito tempo se forem antagônicas às suas identidades.  Estas, por sua vez, devem ser construídas com ALTERIDADE, ou seja, respeitando os valores, especificidades e a cultura de seus stakeholders. Para isso, é necessária uma DIALÉTICA COMPENSATÓRIA com todos eles, imprescindível para agregar valor organizacional e consolidar resultados duradouros. “A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas. DEVEMOS ESPECIALMENTE RECONHECER QUE SOMOS UMA CULTURA POSSÍVEL ENTRE TANTAS OUTRAS, MAS NÃO A ÚNICA.” François Laplantine2.

  “Não há nessa nação nada de bárbaro e de selvagem, pelo que me contaram, a não ser porque cada qual chama de barbárie aquilo que não é de costume; como verdadeiramente parece que não temos outro ponto de vista sobre a verdade e a razão a não ser o exemplo e o modelo das opiniões e os usos do país em que estamos".  Michel de Montaigne3.

É primordial que a comunicação, seja ela a institucional ou a mercadológica, esteja alinhada ao modelo de gestão. A ideia é a conexão aliada à ação de forma ubíqua a todos os setores ou áreas organizacionais, com o objetivo de transmitir uma mensagem uníssona. Como num quebra-cabeça, só se chega à perfeição, ou melhor, mais próximo dela, se as peças estiverem conectadas.Sendo assim, esse SISTEMA tem como prioridade agregar valor aos produtos e serviços das organizações, como reflexo da marca ou identidade institucional, aumentando a credibilidade frente aos seus stakeholders. Não se trata somente de estratégia e de potencial competitivo, mas da antecipação em relação à MUTAÇÃO CULTURAL AXIOMÁTICA.    

market share, nos dias de hoje, não é mais tão dependente somente da qualidade dos produtos, serviços e publicidade, mas da capacidade de se projetar frente aos anseios dos públicos de interesse muito mais informados e conectados à complexidade do funcionamento organizacional. É cada vez mais comum vermos minorias sociais saírem de seu lugar comum de submissão e da condição de DEVEDORAS perante as organizações, para o papel de CREDORAS POTENCIAIS de uma nova configuração que beneficie a sociedade como um todo. Nessa conjuntura só sobreviverão aquelas que se alinharem a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO que concilie o retorno financeiro às demandas sociais e ambientais. A velha proposição – “A população geral não sabe o que está acontecendo, e nem mesmo sabe que não sabe.” Noam Chomsky4 – não é tão condizente à realidade atual.   

Referências: 
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede Vol.1.  13º ed. Paz e Terra, 2010. 698p. BONDER, Nilton. Tirando os sapatos. Editora Rocco, 2013. 256p.  
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O conceito de SOCIEDADE EM REDE defendido por Manuel Castells não é uma mera soma dos conceitos de sociedade com o de rede e sim o resultado da mediação das afinidades com as tecnologias, o que vai permitir e/ou manter em comunicação, em tempo real, pessoas e grupos de pessoas independentemente da sua localização geográfica, tempo e traços de união. Um conceito que está diretamente atrelado a uma nova percepção do espaço/tempo.

2 Laplantine François, nascido em 1943, é um pesquisador francês em etnologia e antropologia de renome internacional. Seu campo de estudo é etnopsiquiatria ou etnopsicanálise. Graduou-se em 1982, doutorado em antropologia  pela Universidade de Paris V-Sorbonne. Ele dirigiu o Departamento de Antropologia Laplantine.


Michel Eyquem de Montaigne ( 1533/1592) foi um político, filósofo e escritor francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras, mais especificamente nos seus ensaios, analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo.
Noam Chomsky (1928) é linguista, filósofo e ativista político norte-americano. Tornou-se conhecido por suas críticas contra a política externa americana. É professor do Massachusetts Institute of Technology. Seu nome está associado à criação da gramática generativa transformacional. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

3º ENCONTRO PLATAFORMA LIDERANÇA SUSTENTÁVEL

por Ricardo Voltolini


Contagem regressiva para o dia 23/10, quando faremos o terceiro encontro da PLATAFORMA LIDERANÇA SUSTENTÁVEL em São Paulo. Posto este vídeo teaser para lembrar os melhores momentos do segundo encontro e para lembrar que faremos, também, nesse dia o lançamento do meu livro ESCOLAS DE LÍDERES SUSTENTÁVEIS, que conta a história desses 10 presidentes.   

quarta-feira, 31 de julho de 2013

COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: "METAMORFOSE AMBULANTE do que ter aquela VELHA OPINIÃO formada sobre tudo"

Pierre Lévy
Marx e Debordgrandes pensadores de séculos passados. O primeiro descrevia o homem como autômato, como extensão da máquina.  

Debord pensava no automatismo do homem pelo seu condicionamento à construção de discursos, repetições, emissão de significados, preso à realidade dos fatos do status quo capitalista, função desempenhada, principalmente, pelos meios de comunicação de massa. O regime, já mostrara sua primeira grande crise explicita, em 29.  

Manuel Castells
Nos dias de hoje, diferente de há oito décadas, mesmo com a crise de 2008, nos EUA, a europeia e as mais recentes  crises políticas no Egito e no Brasil, as condições políticas e de interação entre as organizações e  a sociedade são outras. Como definem os grandes pensadores da atualidade Manuel Castells e Pierre Lévy: as forças tecnológicas desencadeadas pela engenhosidade humana e a submissão coletiva ao autômato, têm fugido do controle de seus criadores.  Mesmo que não soberanas,  elas vêm se impondo, consideravelmente, à política social e econômica atual. Hoje vem tomando forma o poder da "SOCIEDADE EM REDE" e da "CIBERCULTURA" que se amalgamam com o dos poderosos do CAPITAL e da "SOCIEDADE DO ESPETÁCULO".  

Parafraseando o grande Raul: hoje, preferimos ser METAMORFOSES AMBULANTES do que termos aquela VELHA OPINIÃO formada sobre tudo. 

Ricardo Bressan

Referências:

KARL, Marx. O Capital: O processo de produção do capital. Vol 1 25º ed. Civilização Brasileira. 2008. 574p.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo.  9º ed. Rio de Janeiro. Contraponto, 2007. 237p.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Vol 1.  13º ed. Paz e Terra, 2010. 698p.
PIERRE, LÉVY. Cibercultura. 3º ed. Editora 34, 2010. 270p.
BARTHES, Roland. Mitologias. 2º ed. Rio de Janeiro: Difel, 2006. 256p.  


quinta-feira, 25 de julho de 2013

METAMORFOSE: CAPITALISMO + SISTEMA DE COMPENSAÇÃO


                               


Estamos em meio a uma evolução social, significativamente importante, da qual todas as organizações deveriam fazer parte. Numa nova configuração de valores e de mudanças de paradigmas, estreita-se o espaço dicotômico entre organizações e sociedade, onde se exige, cada vez mais, uma DIALÉTICA COMPENSATÓRIA.

O MARKET SHARE, nos dias de hoje, não é mais tão dependente somente da qualidade dos produtos, serviços e publicidade, mas sim da capacidade de se projetar frente aos anseios dos públicos de interesse muito mais informados e conectados à complexidade do funcionamento organizacional


Corporações devem reaver estratégias e posicionamentos de seus modelos administrativos respeitando normas legais, sociais e ambientais, não só por simples respeito, mas como parte da evolução do organismo social como meio de sobrevivência. Portanto, que se vejam dependentes de um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO, ou seja, de um sistema onde não há mais espaço para desapropriação do tempo social, puro e simplesmente para obtenção de resultados imediatistas do regime capitalista. A nova necessidade e a de abertura de espaços  compensatórios que respeitem a individualidade das minorias, equilibrando retorno financeiro com as demandas sociais e econômicas.


METAMORFOSE




“No campo do DIREITO DAS OBRIGAÇÕES , A COMPENSAÇÃO é uma forma de se extinguir uma OBRIGAÇÃO em que os sujeitos da RELAÇÃO OBRIGACIONAL são, ao mesmo tempo, CREDORES E DEVEDORES.”  Pablo Stolze Gagliano


Em artigo publicado, em 17 de janeiro de 2013, “Mais do que prática, a SUSTENTABILIDADE é um PROCESSO EVOLUTIVO DA SOCIEDADE”,   comento sobre a origem deste conceito e da amplitude de sua significação, ficando mais claro para a sociedade os objetivos espúrios e ególatras das organizações, em detrimento das necessidades dos seus públicos de interesse, para não dizer de toda a humanidade .

Como qualquer organização, a pública tem como obrigação prestar serviços de qualidade a todos seus stakeholders, ou seja, à sociedade.

Devemos pagar impostos para que tenhamos serviços de qualidade à nossa disposição e não o inchamento deles para suprir o hedonismo ou corrupção daqueles que detém o poder público. Taxas de impostos exorbitantes para empresas e cidadãos são o que realmente inibem o desenvolvimento econômico e social. Empresários deixam de pagar salários e benefícios justos, pois essas medidas coíbem a mais valia, que é a razão de existir das organizações privadas, por mais solícitas que sejam às reivindicações de seus colaboradores e públicos de interesse.

Tudo isso se resume a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO, onde todos os que fazem parte do organismo social são CREDORES E DEVEDORES. Se todos são devedores, sejam cidadãos, organizações governamentais ou privadas, também são credores.

Sendo credoras, as organizações (qualquer que seja seu segmento) são também devedoras dos serviços e produtos destinados aos seus públicos de interesse, que esperam delas compensações, longe de serem análogas as imagens transmitidas a eles.

Isso se dá também na relação de poder entre O ESTADO E O PRIVADO, algumas ENTIDADES DE CLASSE e ONGS que se digladiam por compensações e lobbies especulativos em detrimento do bem comum da nação.

Nos dias de hoje, o capitalismo neoliberal apresenta seu esgotamento, gerando crises constantes e mais contundentes por não se enquadrar a um SISTEMA DE COMPENSAÇÃO.

Como dito em artigo escrito pelo jornalista Francisco Viana “transitamos de uma sociedade meramente consumista, pura e simples, para uma sociedade politica”.

A crise de 2008 nos EUA, a que atingiu a Europa e as mais recentes crises politicas no Egito e no Brasil, não demonstram que o capitalismo é um regime falido, já que todos os outros se mostraram ineficazes, mas  que necessita de ajustes e reformulações ao que tange cultura, valores, missão e visão. Vou mais além: essa crise tem como marco inicial o atentado ao Word Trade Center em Nova York, mostrando o esgotamento de uma política econômica e social excludente que gera, por consequência, o ódio em povos miseráveis, fundamentalistas e pouco instruídos, levando-os a ações violentas e genocidas. A GUERRA AO TERROR foi mais um signo para encobrir as mentiras e as conseqüências de um regime que há tempos precisa ser reformulado, com mudanças paradigmáticas que consolide um REGIME DE COMPENSAÇÃO.      

Ricardo Bressan



 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação da Mídia

O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:






1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.




O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')”.


2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.



Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.


Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

QUANTO MENOR A INTERMEDIAÇÃO, MAIOR A POSSIBILIDADE DE DESMISTIFICAÇÃO


Numa SOCIEDADE EM REDE fica cada vez mais difícil manter a ESQUIZOFRENIA SOCIAL. As informações são compartilhadas em tempo real. Cidadãos estão mais próximos da realidade dos fatos e não mais tão submissos a construções de discursos, sejam eles, midiáticos, públicos ou privados. 


Organizações, ou qualquer que seja o segmento da sociedade que se utilize de meios espúrios, não se dão conta que fazem parte de um organismo que se alicerça em novas bases, numa nova configuração ou transição de paradigmas, que estimula a interação e a evolução da cognição social . No caso, as entidades de classe, mais especificamente, sindicatos, mostram com esse posicionamento a clareza de sua identidade. Aproveitam-se das manifestações e da "ingenuidade” dos cidadãos, como manobra de massa para objetivos espúrios. Nos dias de hoje, a imagem anda numa linha tênue com a identidade. Hoje cidadãos comuns são emissores de informação e interagem constantemente o que dá a eles maior possibilidade de se aproximarem da REALIDADE DOS FATOS. QUANTO MENOR A INTERMEDIAÇÃO, MAIOR A POSSIBILIDADE DE DESMISTIFICAÇÃO.

Organizações devem se posicionar de forma ética se quiserem manter credibilidade e confiança junto a seus públicos de interesse. Imagens organizacionais não se sustentam por muito tempo se forem antagônicas as suas identidades.  

PODER e SOBERANIA SOCIAL

Todo regime democrático, qualquer que seja seu sistema, tem como estrutura a constituição. No caso do Brasil, na ”Constituição Cidadã”, está prevista a liberdade de expressão de qualquer segmento que faça parte da sociedade. 

O que vimos, no mês que se passou e no que se inicia, foi a visão da sociedade, no inicio, de uma parte dela mais esclarecida, politizada e organizada, valer-se desse direito que através do Movimento Passe Livre (MPL) conseguiu a redução da tarifa dos transportes públicos.

O PODER e a SOBERANIA dessa MOBILIZAÇÃO SOCIAL se mostrou eficaz e os órgãos governamentais não viram outra possibilidade de acordo senão a redução da tarifa.

A sociedade desde então, percebendo seu poder politico, insurgiu com uma série de manifestações advindas das mais diversas minorias que vêm se organizando a cada dia, entre elas — estudantes, homossexuais, médicos, caminhoneiros, metalúrgicos e outras—, cada qual, com suas reinvindicações específicas.

A reforma politica vem acontecendo e não é através de plebiscito ou referendo —democracia direta, quando o povo decide diretamente cada assunto por votação , que se efetivará o desenvolvimento politico, econômico e social. Ela tem vindo do poder participativo das minorias, ou seja, de baixo para cima, do poder horizontal sobre o vertical, que transbordou daquelas mais politizadas, com senso critico e conhecimento humanístico, denominada por um comentarista  de CLASSE MÉDIA REVOLTOSA SEM FUNDAMENTO DE CAUSA. Como ele disse: "Esses revoltosos de classe média não valem nem vinte centavos".


SOCIEDADE EM REDE

Fica claro que a verdadeira reforma politica vem da liberdade de expressão das massas, ou seja, das minorias organizadas, de um novo poder que toma forma “A sociedade em rede” tão propalada por Manuel Casttels. O desenvolvimento social e econômico tão almejado virá dessa liberdade. Elias Canetti, em seu livro “Massa e Poder”’, descreve as consequências do poder sobre as massas.

A distinção da previsão entre os dois autores se dá no âmbito tecnológico. À época de Canetti, as manifestações das massas acossadas se davam de forma mais violenta por falta de um canal democrático efetivo, como o que existe hoje na era do conhecimento. A tecnologia digital, através das redes sociais tem possibilitado a interação, a troca de informações, sem a intermediação do poder das organizações, sejam elas públicas, privadas e privadas midiáticas (meios de comunicação de massa). 

Vivemos uma transição paradigmática. O cidadão ganhou voz, essa, cada vez mais, estridente. 

A representatividade da grande maioria de nossos políticos há muito nos mostra a verdadeira face da politica atual: a "arte" de governar permite ao dirigente ou governante ter "poder" para realizações hedonistas inerentes a sua idiossincrasia ególatra, em detrimento do bem estar  geral de sua nação.
Referências:
CANETTI, Elias. Massa e Poder. 2º ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 13º ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2010.