quinta-feira, 26 de junho de 2014

Copa desritmada




Há alguns dias, descrevia por aqui o desânimo social visível na falta de alteridade, inexistente nesta Copa. 


Comportamento antagônico a datas festivas que unem os povos em torno de comemorações de âmbito mundial. 

Parece que, tardiamente (não que não possa daqui para frente surtir resultados de uma verdadeira democracia), a sociedade vem percebendo os trâmites falaciosos de milênios da "LEI do PÃO e CIRCO". Ela vem mostrando que o prazer imediato proporcionado por esses espetáculos não resolverão as debilidades mais urgentes de suas verdadeiras necessidades.
Mesmo com a construção de discursos, mensagens e imagens, pela grande mídia, de um Brasil seduzido pelo "ópio do povo", é perceptível para os menos incautos o desânimo que se reproduz dentro do organismo social. 



Enfim, todos os dias, ao abrir a sacada do meu quarto, avisto dezenas de prédios. 


Antes do início da competição, enxergava apenas uma bandeira brasileira. Agora, vejo um pouco mais de meia dúzia. 

O que percebo nisso? 

Uma sociedade muda, mas cada vez menos míope ou seduzida pelos signos.

Como estruturas sem acabamento, o povo brasileiro vem mostrando que está nu e que necessita de compensações e recompensas, para realmente adornarem suas edificações com as cores que o representa. 











Há trinta anos, morria Michel Foucault

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“Mostrar às pessoas que elas são muito mais livres do que pensam, que elas tomam por verdadeiro, por evidentes, certos temas fabricados em um momento particular da história, e que essa pretensa evidência pode ser criticada e destruída.”


Há trinta anos, morria Michel Foucault. Leia mais no Outras Palavras

Tempo excedente = trabalho



"O tempo excedente do animal laborans jamais é empregado em algo que não seja o consumo, e quanto maior é o tempo de que ele dispõe, mais ávidos e ardentes são os seus apetites. O fato de que esses apetites se tornam mais sofisticados, de modo que o consumo já não se restringe às necessidades da vida, mas, ao contrário, concentra-se principalmente nas superfluidades, não altera o caráter dessa sociedade, mas comporta o grave perigo de que afinal nenhum objeto do mundo esteja salvo do consumo e da aniquilação por meio dele." Hannah Arendt

A natureza organizacional solipsista

O desamparo ao ser humano advém da soberania das organizações de poder (públicas ou privadas). Da natureza organizacional solipsista (egoísta) que tem como objetivo alienar os indivíduos em relação ao mundo. Esse mal está contido na erradicação total, ou seja, na eliminação inconsciente da pluralidade da face da Terra.
“O desamparo organizado é consideravelmente mais perigoso que a impotência desorganizada de todos aqueles que são governados pela vontade tirânica e arbitrária de um único homem. 

Seu perigo é que ele ameaça devastar o mundo como o conhecemos – um mundo que em toda parte parece ter chegado ao fim – antes que um novo início surgindo desse fim tenha tido tempo de se estabelecer”. Hannah Arendt


"Ideias são fáceis. Implementação é difícil." Guy kawasaky Será? Concorda?


Foto: "Ideias são fáceis. Implementação é difícil." Guy kawasaky

Será? Concorda?

Diria ao contrário: ideias são difíceis, pois ficam presas à falta de conhecimento. São reminiscências de conceitos atávicos do século XIX.

A grande questão é o automatismo da educação. A ideia depende do conhecimento, que transcende cartilhas irrefutáveis. Essas condicionadas à mecânica educacional e organizacional, nos acompanham, desde o jardim da infância. 

Exemplo disso são as perguntas padronizadas do RH. 

Cada caso é um caso. O indivíduo é influenciado pelo meio. 

Se buscamos valorizar nosso individualismo, no que tange à gestão de conhecimento, nos desvinculamos do senso comum.

É assim que, em minha opinião, desenvolvemos grandes ideias. Diria que não há como implementar sem um verdadeiro brainstorm. 

Sem conexão de ideias não há implementação sustentável e o resultado é uma execução transitória que não se mantém a longo prazo. 

Não há gestão saudável sem o alinhamento de valores entre todos os stakeholders, sejam eles diretos ou indiretos. 

Os problemas dos relacionamentos organizacionais estão nos posicionamentos de seus gestores que, em busca de resultados imediatos, não interagem como uma família saudável em busca do bem comum, dos seus objetivos.

Vivem como casais acomodados, em um infinito embate de personalidades. Não buscam o diálogo, a apuração, a investigação, o conhecimento histórico daquilo que os circunda. 

Não percebem que os resultados virão de uma verdadeira gestão do conhecimento ou do relacionamento com seu entorno.
Diria ao contrário: ideias são difíceis, pois ficam presas à falta de conhecimento. São reminiscências de conceitos atávicos do século XIX.


A grande questão é o automatismo da educação. A ideia depende do conhecimento, que transcende cartilhas irrefutáveis. Essas condicionadas à mecânica educacional e organizacional, nos acompanham, desde o jardim da infância.

Exemplo disso são as perguntas padronizadas do RH.
Cada caso é um caso. O indivíduo é influenciado pelo meio.

Se buscamos valorizar nosso individualismo, no que tange à gestão de conhecimento, nos desvinculamos do senso comum.

É assim que, em minha opinião, desenvolvemos grandes ideias. Diria que não há como implementar sem um verdadeiro brainstorm.

Sem conexão de ideias não há implementação sustentável e o resultado é uma execução transitória que não se mantém a longo prazo.

Não há gestão saudável sem o alinhamento de valores entre todos os stakeholders, sejam eles diretos ou indiretos.

Os problemas dos relacionamentos organizacionais estão nos posicionamentos de seus gestores que, em busca de resultados imediatos, não interagem como uma família saudável em busca do bem comum, dos seus objetivos.



Vivem como casais acomodados, em um infinito embate de personalidades. Não buscam o diálogo, a apuração, a investigação, o conhecimento histórico daquilo que os circunda.

Não percebem que os resultados virão de uma verdadeira gestão do conhecimento ou do relacionamento com seu entorno.


A era das ideias líquidas e fugazes

Escrever textos curtos para ter projeção e mais visibilidade nas mídias digitais, nos distância das verdadeiras redes de conhecimento. Dessa forma, como diz Bauman, nossas ideias se tornam cada vez mais líquidas e fugazes.

"Artigos científicos cada vez mais curtos. Veículos midiáticos que precisam vender notícias. Qual o real custo desta situação? Em vídeo exclusivo, António Damásio, neurocientista português, argumenta que reduzir informações na divulgação das pesquisas é um retrocesso. Citações incompletas e conhecimento prévio omitido geram uma ciência sem passado que aponta resultados removendo a história do comportamento humano."

O silêncio dos inocentes



Percorri 20 quilômetros de Congonhas até a minha casa. 

No caminho divaguei: a sociedade está "muda", não "cega". 

Não vi, nas casas, nos apartamentos, nos carros, uma bandeira se quer (somente em estabelecimentos comerciais).

Estamos mostrando nossa indignação, nossa revolta.

Acredito que, nesta ocasião, o "silêncio" seja mais producente e contundente do que manifestações, estardalhaços ou greves, que prejudica a maioria da população, que não ganha 1/3 do salário, comparada àqueles que as conduzem de forma pretensiosa e oportunista.



Acredito que o "silêncio" esteja preocupando muito mais as organizações de poder.

A sociedade também emite seus significados. Eles estão implícitos, nessas ações, perceptíveis aos mais atentos.

Somos o que somos, pois acreditamos nas coisas que nos impõe.


O sistema em que vivemos não determina a nossa vida, mas dá condições para que a infelicidade se instale. 
O amor restaura.


Os momentos de felicidade está em abstrair o concreto. 


Viveremos bem, quando aprendermos a viver o simples. 

O resto são signos criados para vivermos uma realidade de mentiras. 


A esquizofrenia social surge da soberba, da avareza, da supressão do amor.

Ficamos presos a maniqueísmos, ao invés de nos atentarmos à complexidade dos fatos





A corrupção é um problema endêmico em todo o mundo, mas não é o maior dos problemas. 



O problema é que o Estado cada vez menos intervém na economia, poucoinveste em políticas públicas e as deixam à mercê da especulação financeira e econômica. 

Não há regulamentação para o lucro infinito e individualista. Há, sim, leis para inibir e coibir a verdadeira democracia, a participação daqueles que necessitam.

Deveríamos buscar os mais diversos meios de informação. 

A dificuldade é que vivemos numa sociedade que pouco lê, pouco se informa, não busca outras versões sobre a realidade dos fatos. 


A grande mídia é soberana na formação da opinião pública e, por consequência, influencia também seu comportamento. 



A incapacidade brasileira de enfrentar a violência urbana tem o mesmo fundamento da americana: qualquer mudança" em sociedades tão desiguais é vista e sentida com pavor. E continuamos a investir nossos medos nos alvos mais improváveis, a dissimular o que efetivamente inquieta". Paulo Sérgio Pinheiro



"Um dos paradoxos relativos a cultura do medo é que os problemas sérios continuam ignorados. A pobreza correlaciona-se com molestamento de crianças, crimes e consumo de drogas. E quanto maior a diferença entre ricos e pobres, maiores os índices de mortalidade por doenças cardíacas, câncer e homicídio. As notícias (imagens, noticiários) sobre crimes aumentam todos dias. Sendo que as estatísticas mostram que decresceram." Barry Glassner



Para finalizar, diz Dawkins: "uma das razões para o grande apelo exercido pela teoria da seleção de grupo talvez seja o fato de ela se afinar completamente com os IDEAIS MORAIS E POLÍTICOS partilhados pela maioria de nós. Como indivíduos ou organizações, não raro, nos comportamos de forma egoísta (identidade). Nos momentos idealistas reverenciamos e admiramos aqueles que colocam o bem-estar dos outros em primeiro lugar (imagem)."



Não vivemos o real, e sim a projeção de uma realidade falaciosa. Vivemos conduzidos pelos simulacros.

Sejamos menos niilistas e pensemos de forma mais otimista


Nos dias de hoje, diferente de há oito décadas, mesmo com a crise de 2008, nos EUA, a europeia e as mais recentes crises políticas no Egito, no Brasil e na Venezuela, as condições políticas e de interação entre as organizações e a sociedade são outras.

                     




Como define o grande pensador da atualidade Manuel Castells: "as forças tecnológicas desencadeadas pela engenhosidade humana e a submissão coletiva ao autômato têm fugido do controle de seus criadores". Mesmo que não soberana, a coletividade vem se impondo, consideravelmente à política social, ambiental e econômica atual.