domingo, 29 de março de 2020

CORONAVÍRUS E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

Mesmo que, com a pandemia de coronavírus, alguns empresários estejam seguindo o caminho contrário, a mecânica dos DONOS DO CAPITAL continua sendo a mesma.
Não é de hoje, que conhecemos o funcionamento controverso do individualismo da MÃO INVISÍVEL, de Adam Smith. Este conceito dita que o mercado deve funcionar livremente, sem qualquer interferência, ou seja, com regulamentos suficientes para proteger apenas os direitos de propriedade. 

Porém, com todo o egoísmo ditado por essa filosofia, que se estende até os dias de hoje, grandes crises, causadas por pandemias, sempre levaram a mudanças de paradigma, como as da peste negra e a da gripe espanhola. No caso dessa, os impactos e consequências religiosas, sociais e econômicas, afetaram drasticamente o curso da história europeia. 

Não é diferente com a nova pandemia que nos aflige. Muitos questionamentos e mudanças paradigmáticas, têm ocorrido, obrigatoriamente, quanto a forma com que se comporta a sociedade conduzida pelo capital. Ao mesmo tempo, que a crise nos restringe, passamos a nos questionar, quais são realmente as nossas necessidades e prioridades, em detrimento das nossas preferências e superfluidades. Comportamentos conduzidos pelo altruísmo, alteridade e empatia, características, até então, incompatíveis com o regime capitalista, passam a ser questionadas. 

Atitudes, como as da dono da rede de restaurantes Madero, Junior Durski, passaram a ser alvo de boicotes após ele gravar um vídeo que pregava o fim do isolamento, recomendado como forma de conter o coronavírus. Ele disse também que o Brasil não pode parar por conta de 5 ou 7 mil pessoas que morrerão. 

É assim que funciona o pensamento individualista do filósofo Smith, que para proteger os direitos do capital e da propriedade deve-se sacrificar qualquer tipo de obrigação que venha a prejudicá-los.

Deflagrações, como a do coronavírus, não são suficientes, para que se deixe de lado a subserviência ao capital, mesmo que para isso ele tenha que se transvestir com a falsa moralidade e altruísmo, como no caso do Banco Itaú, que disparou e-mails para seus clientes brasileiros, residentes na Europa, oferecendo empréstimo, como se esse tipo de concessão fosse um tipo de ajuda, dizendo assim que estava ao lado deles, neste momento catastrófico, causado pela crise da pandemia. 

Eis a resposta de um dos seus clientes: 
“Prezados,
Não... o Itaú não está do meu lado, nem do lado de ninguém (além dele mesmo) neste momento. 
Se quiserem cuidar do que realmente importa, que a meu ver é o povo brasileiro, façam por eles!!!
Graças a Deus não preciso de ajuda neste momento, e estou fazendo minhas doações a quem eu puder ajudar.
O “LUCRO” do Itaú em 2019, foi de 28.4 bilhões, o que daria para destinar um salário mínimo por mês, durante dois meses, para 13.588.516 famílias. 
Se cada um fizer a sua parte neste momento, o Brasil não irá à falência.”

Espero que, ao menos, por conta desta grande crise, transcendamos esses traços, que nos atrasam até hoje, por conta do pensamento ególatra da filosofia capitalista.