quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mais do que um conceito, a SUSTENTABILIDADE é um processo evolutivo da sociedade


                                 


Reformulações do capitalismo
A crise de 2008 nos EUA e a mais recente que atingiu a Europa não demonstram que o capitalismo é um regime falido, já que todos os outros se mostraram ineficazes, mas  que necessita de ajustes e reformulações ao que tange cultura, valores, missão e visão. E por que não focá-las em práticas para Sustentabilidade?

O princípio do capitalismo
A partir da Revolução Industrial a burguesia toma o poder  e tem como marco a queda da Bastilha. Assim, implanta-se um novo regime político, econômico e social,  definido por Karl Marx como a exploração do homem pelo homem. Para ele visto como extensão da máquina. Nesse regime, exatamente, nesta época, pouco se preocupava com trabalhadores, comunidades e meio ambiente. O que importava eram os resultados, gerados pela mais valia (valor de uso). O Estado pouco intervinha. Eles eram o Estado.

Fim do capitalismo selvagem
Marx não pode presenciar as consequências que viriam a resultar no Materialismo dialético, concepção filosófica  que demonstrava as contradições internas advinda do regime capitalista e que culminaria na reação e mudança do poder do Estado e das corporações, essa representante do capital. Sendo assim, retrocedem devido ao desgaste do regime frente à exploração da sociedade que resulta em reações populares.

Seguida das duas grandes guerras, a revolução industrial surtiu aparente e decisiva influência no surgimento e fortalecimento das demais formas contemporâneas de autoritarismo de Estado e das corporações, devido aos interesses políticos e econômicos.


Como toda ação tem uma reação, como teve a burguesia no século XVIII, a partir de 1960, surgem movimentos sociais contra as ditaduras militares, que no Brasil perdurou até a metade da década de 80 com a queda do regime e o começo de um governo “democrático”. Nesta fase, fossem pelas reivindicações ou lutas armadas, consolidaram-se  algumas conquistas.

Na Paris de 68 a revolução estudantil junto ao operariado e a revolução feminista conseguiram corroborar as contradições das proposições do poder, quanto à exploração das minorias. Essas ações fizeram com que a burocracia de Estado e o poder de persuasão da burguesia recuassem e cedessem a algumas reivindicações sociais.

Apesar dos meios de comunicação verticais (TV, rádio, impressos e cinema) terem influenciado a opinião pública, muitos não se deixaram levar pelos signos (construções ideológicas) da grande mídia da época. Portanto, as mudanças vieram de baixo. Ao perceberem que estavam sendo lesados pelo autoritarismo burocrático, sentiram-se estimulados a organização de movimentos populares.

Caminho para o capitalismo sustentável 
Não se diferenciando dos outros movimentos, o ecológico cresceu muito nos anos 60, ligados diretamente ao meio ambiente.

Para os herdeiros dessa época, o ambientalismo e as ONGs, hoje, têm grande influência nas decisões, sejam elas as das corporações, ou as do Estado. A preocupação quanto ao meio ambiente tomou maiores proporções.

As reivindicações ampliaram-se aos colaboradores, acionistas, comunidades afetadas, ou seja, todos os setores da sociedade. Tem-se assim, uma mudança semântica que da significado a essa evolução, a Sustentabilidade.

As práticas tayloristas e fordistas começam a perder força. A gestão fica a cargo de administradores profissionais que substituem o subjetivismo da administração familiar.

Frente ao capitalismo, movimentos de esquerda exauridos abraçam a causa ambientalista. A partir daí, mais exatamente nos anos 80, surgem os movimentos ambientalistas organizados.

As corporações, principais representantes do capitalismo, começam a se adaptar as sanções das leis e a alguns interesses dos ambientalistas, preocupadas, principalmente, com a reputação e a imagem organizacional.

Consumidores, comunidades e acionistas passam a fazer maior pressão sobre as ações corporativas no final da década de 80.

Hoje,  com a força das redes sociais, onde existe um ambiente interativo (transversal) de comunicação, todos produzem e trocam conteúdos. A grande mídia – mesmo que ainda seja a grande formadora de opinião – e as corporações começam a repensar seu posicionamento perante a sociedade, já que ela   passa a se informar por meios que, geralmente, mostram a realidade das organizações, do Estado, sem que o interesse desses intervenha na produção e veiculação das informações.

Os interlocutores nas redes sociais são pessoas comuns. Produzem conteúdos, que viralizam em minutos, muitos deles, contestações furiosas contra decisões ou ações estatais e corporativas.

As empresas continuam as mesmas. Buscam o lucro, mas como diferente do passado, veem-se preocupadas com os novos gatekeepers.  Muitas delas, já vêm mudando  valores e culturas, ou seja, processos e operações que respeitem seus stakeholders ou públicos de interesse. Elas estão cientes que lidam com um ambiente mais crítico, seja no aspecto mercadológico e institucional, que as obrigam a serem mais transparentes, caso não queiram perder o market share que com tanto trabalho conquistaram. 

No entanto, vemos corporações aderirem a “sustentabilidade” ou a utilizarem como forma de marketing (greenwashing), não preocupadas com  a mudança de cultura e valores, mas somente com seu potencial competitivo.

A mudança, desde a década de 60, acontece por pressões externas, sejam das ONGs ou da sociedade organizada e não por altruísmo e crença das organizações na responsabilidade social e ambiental.

As mudanças por mais lentas que sejam estão acontecendo. Já existem lideres sustentáveis como mostra o livro de Ricardo Voltolini “Conversas com líderes sustentáveis”.

A inteligência está em nós comunicadores e a sociedade organizada passar às novas gerações (futuros lideres corporativos), os valores que agregam uma empresa que tem práticas sustentáveis. Que enxerguem a sustentabilidade como forma de preservar o planeta, junto ao seu potencial competitivo, mantendo o equilíbrio ambiental, social e financeiro.

Num futuro próximo, a sustentabilidade será regra na estratégia corporativa, estará no core das empresas. No cerne organizacional.

No presente, lutamos para conscientizar corporações que  mantém processos e operações condenáveis, não só pelas leis, mas, também, pelas comunidades e todos os públicos de interesse afetados.

É impossível incutir uma ideia nova numa mente fechada. O foco está na nova geração, na sua conscientização,  para uma nova cultura que forme líderes sustentáveis.