segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Google e Apple serão investigadas por acordos ilegais

Uma ação civil investiga um suposto acordo de não contratação de funcionários entre diversas empresas, como a Apple e o Google

A Adobe, Apple, Google e Intel, com os estúdios LucasFilm, Intuit e Pixar, serão julgados na próxima quinta-feira, 26. Uma ação civil, aberta no ao passado, investiga um suposto acordo de não contratação de funcionários entre si, o que, segundo as autoridades judiciais, prejudicaria consideravelmente a competitividade no setor.

A ação corre na Corte de San Jose, na Califórnia, e sustenta que houve "supressão de direitos dos empregados", pois os funcionários estariam limitados em suas oportunidades de empregos. O processo cita, inclusive, documentos nos quais uma empresa era orientada a "não oferecer vagas de trabalho", sem antes ter a aprovação de seu antigo empregador.

A questão foi investigada pelo Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos em agosto de 2010. Na ocasião, as empresas envolvidas pediram o cancelamento do processo por "falta de evidências". No mês seguinte, o DOJ firmou um acordo com as empresas para fim de tais práticas, mas não estabeleceu punições.

A ação civil, desta vez, busca repor os danos a qualquer assalariado que trabalhou para uma das acusadas entre 2006 e 2010.

Petrobras confirma indicação de Maria das Graças Foster à presidência


Graças Foster

Nome da executiva será indicado na próxima reunião do conselho de administração da estatal por Guido Mantega


Os rumores de que Maria das Graças Silva Foster, diretora de gás e energia da Petrobras, seria substituta de José Sergio Gabrielli na presidência da estatal foram confirmados, nesta segunda-feira.
O nome da executiva será indicado pelo presidente do conselho, Guido Mantega,  na próxima reunião do conselho de administração da companhia, que acontece no dia 9 de fevereiro.
Segundo nota divulgada pela Petrobras, Mantega manifestou que vai encaminhar a proposta para o conselho. A saída de Gabrielli deve ser confirmada assim que o nome de Graças for confirmado.
O atual presidente da estatal disse em entrevista à agência Reuters, ontem, que não tinha  renunciado à presidência da Petrobras e que qualquer mudança deveria ser determinada pelo presidente do conselho.
"Não estou apto a fazer nenhuma especulação a esse respeito", afirmou Gabrielli.
Gabrielli está à frente da Petrobras desde 2005. O executivo teria aspirações políticas e deve concorrer a um cargo executivo na Bahia, segundo rumores de mercado, ele estaria interessado em disputar o cargo de governado no estado baiano nas eleições de 2014.

Heródoto Barbeiro: "O espírito crítico do brasileiro ainda é pequeno"

"Cabe ao público exigir do veículo de comunicação credibilidade", defende o jornalista
Francisco Viana e Ricardo Bressan*
De São Paulo
O Jornalista Heródoto Barbeiro dispensa apresentações. Ele é uma presença viva e firme na imprensa brasileira.

Nesta entrevista, ele analisa o jornalismo de televisão e afirma que com o advento das mídias digitais, os meios de comunicação eletrônicos tradicionais, não têm mais a soberania sobre a informação, mesmo que, ainda, sejam majoritários como formadores de opinião.

Terra Magazine - As denúncias têm crescido no Brasil. Como repercutem na televisão?

Heródoto Barbeiro - O impacto hoje é menor que há cinco anos. Quando a denúncia chega à televisão, provavelmente, já passou pela internet e por todas as ferramentas da própria internet. Então, raramente alguma notícia é dada com exclusividade na televisão. Mas a própria televisão tem suas ferramentas de comunicação nas redes sociais (facebook, twitter), que vai aquecer o noticiário. Por e-mail as pessoas falam, publicam nos sites. Portanto, a televisão não tem mais aquele monopólio do impacto que tinha há cinco anos, graças ao advento das redes sociais.

As revistas desenvolveram critérios de apuração de exclusividade, sobretudo, nesse campo de denúncias. A televisão não vem fazendo a mesma coisa? Não tem equipes próprias?

HB: Sim, a televisão tem equipes próprias. Mas eu creio que ainda os veículos mais investigativos são da imprensa escrita, como jornais, revistas, etc. Acho que eles têm uma tradição maior de apuração, de investigação e uma quantidade de fontes já consolidadas que, geralmente, os veículos eletrônicos não possuem.    
      
Por que tal particularidade?

HB: A origem está nas próprias características dos veículos. Os veículos eletrônicos de uma maneira geral, isso também inclui aqueles que são propagados via internet, estão muito mais próximos do hard news, mais próximos do cotidiano. Então o que é que sobra para o veículo impresso? Para ele sobra a analise, os artigos, os debates, para ele sobra muita opinião. O que acabou foi o seguinte: "Se o Globo não deu ninguém sabe o que aconteceu". Isso é coisa do passado.

Qual  critério que usa para publicar uma crise? 

HB: Primeiro, procuro apurar devidamente se aquilo que estamos publicando é verdade. A maior pisada na bola que nós jornalistas damos, constantemente, é publicar alguma coisa que não aconteceu. Isso é um ponto. A apuração deve ao menos se aproximar daquilo que acontece, como no caso dos veículos de grande credibilidade no mundo, como, por exemplo, a BBC. Quando o Kadafi morreu, eu estava trabalhando aqui à tarde. Vários sites internacionais, dizendo que ele tinha morrido. A BBC News não publicou. Depois de duas ou três horas, ai sim, apareceu a BBC dizendo que ele estava morto.
Eu conheço um pouco o manual de redação da BBC. Eles não publicam se não tiverem três fontes dizendo que realmente aquele fato aconteceu. Portanto, você tem duas alternativas: ou você cultiva essa confiança do seu público, publica se aquilo realmente é um fato real, ou então, você vai naquela onda, naquela enxurrada de que todos estão falando, só nós que não. O que nós vamos fazer? Vamos falar também. De certa forma, a mídia navega um pouco entre essas duas questões. Agora, eu acho que quem define tudo isso é o público, ou seja, é ele que deve fiscalizar e exigir do veículo de comunicação, credibilidade. Infelizmente, nós por uma questão histórica, não temos ainda essa tradição, essa construção da cidadania, essa formação do espírito crítico, de tirar um determinado veículo de nossa lista se porventura ele não tem credibilidade.   Nós vamos, ainda, muito naquele denuncismo vazio, na celebridade, na personalidade. De atirar pedra num dia e no seguinte nós não falamos nada por que aquele fato não aconteceu.

A que você atribui o fato do brasileiro ainda ser pouco crítico com relação a mídia, apesar de todo o espaço democrático que conquistou?
 
HB: Isso se deve fundamentalmente a nossa baixa escolaridade, ao nosso baixo desenvolvimento cultural e, principalmente, ao fato de que nós não temos uma tradição democrática no nosso país. Em 500 anos de história, efetivamente, tivemos cinqüenta anos de democracia, em duas prestações de 25. Uma que vai de 46 a 64 e outra de 85 pra cá. Democracia você não constrói com duas parcelas de 25. É um processo contínuo. Nas democracias liberais consolidadas o processo vem de alguns séculos. No caso britânico, por exemplo, a revolução gloriosa data do final do século XVII. Não temos, ainda, a formação desse espírito crítico. A mídia, assim como os políticos, assim como outros acontecimentos de nosso país, é o retrato daquilo que a população é. Olhamos para uma Câmara Municipal e dizemos: “Como é que nós elegemos esses caras. Porque são eles que representam, infelizmente, a maneira das pessoas serem”. Nós estamos naquele nível ali da Câmara Municipal, ou da Câmara Federal, ou do Senado. A mídia não é diferente.  
  
Contudo, a mídia é criticada diariamente em palestras, nas mídias sociais, nas entrevistas. Como explicar essa dissintonia: A crítica verbal de um lado e a falta de ação do outro? 

HB: Nós caímos num caso extremamente interessante, que não só se aplica a mídia, mas a outras questões brasileiras. Nós sabemos o que queremos, mas não sabemos como concretizar aquilo que nós queremos. Ninguém quer corrupção, mas ninguém sabe como combatê-la. Ninguém quer o Judiciário comprometido, mas nós não sabemos como desenvolver um Judiciário que não seja comprometido e a mesma coisa com a mídia. Nós a criticamos, mas não sabemos dentro desse mar de opções que hoje nós temos uma quantidade inacreditável de possibilidades. Não somos capazes de selecionar aqueles que não têm credibilidade, para que eles se enfraqueçam. Não! Nós damos Ibope, nós compramos jornal, compramos revistas, nós damos audiência na mídia eletrônica, porque de certa forma ela satisfaz ao meu índice de cidadania, infelizmente.

Esse critério de julgar a mídia se deve mais a um fator de educação, de formação de opinião pública, ou é baseado, primordialmente, no Ibope, no que a população pode querer? 

HB: Há uma simbiose entre aquilo que os donos de veículos de comunicação querem dar e aquilo que a população quer comprar, ver ou assistir. Se pegarmos um desses Realities Shows que estão na moda e olharmos os índices de IBOPE. Eles são altíssimos. Aliás, eles são os programas mais rentáveis da televisão brasileira. Não só vendem o IBOPE, vendem merchandising, vendem um monte de coisas. Eu não sou contra, as pessoas têm o direito de escolher aquilo que elas devem ver.  Os veículos fazem pesquisas qualitativas para saber o que essa população quer.

E o noticiário. Como fica nesse processo?

HB: O noticiário sobrevive de duas formas: ou está ancorado em programas que têm grande audiência, como é o caso do Jornal Nacional, que fica entre duas grandes novelas com boa audiência. Ou são programas sensacionalistas, como esses noticiários de final de tarde. Daqueles que se espreme sai sangue. Falam um monte de bobagem, um monte de coisa, absolutamente, sem nenhuma checagem. E há, ainda, os canais especializados que fazem jornalismo, mas têm pouca audiência. Eu mesmo trabalho num jornal que tem uma audiência diminuta. Porque atinge um determinado grupo de pessoas que são aquelas que estão interessadas em notícia. Isso dentro da pirâmide brasileira. Não estou falando de pirâmide econômica, falo da pirâmide crítica brasileira que, infelizmente, é muito pequena.

Como fica o papel do jornalista entre tais extremos?
 
HB: Eu não sei. Eu nunca fiz um programa desses. Eu fiz a TV Cultura. Fiz rádio, na CBN. Felizmente na Record estou fazendo jornalismo. Eu não, a nossa equipe está fazendo jornalismo. Mas por quê? Porque essa empresa é muito grande e ela tem um braço, que é o braço jornalístico da emissora. Nele, onde estou há oito meses, nós temos falado tudo.

O que significa falar tudo? 

É comentar o que quiser. Quem escolhe o que falar é o jornalista, não o veículo

É isso que seria fazer jornalismo ou teria mais alguma coisa? 

HB: Não, tem muito mais coisas, mas isso é a base. Fazer jornalismo significa entender o seguinte: o jornalista é um ator social, o jornalismo é um espaço para debate. É preciso estimular a formação do espírito crítico das pessoas. O jornalista deve ser absolutamente plural para que todas as pessoas venham a dizer o que elas pensam a respeito de um assunto. E mais do que ser um formador de opinião, o jornalista é um provocador de opinião. Porque opinião as pessoas têm. Elas precisam ser provocadas.

Cite um exemplo? 

HB: Recentemente, li um artigo publicado na BBC Brasil sobre Aquecimento Global. E tinha lá duas linhas, citando o nome de um professor da USP que diz não existir Aquecimento Global e estava escrito: “A mídia brasileira, não dá espaço para nós”. Convidei o professor para vir aqui. Eu o achei extremamente frágil, mas ele tinha o direito, até mesmo pela titulação, de vir aqui e dizer: “Esse negócio de aquecimento global é uma luta entre capitalismo de um lado e o socialismo do outro lado”. Eu nunca tinha ouvido falar isso. Mas para mim, ele tem o direito de dizer, porque isso provoca a reação das pessoas. E essa reação é que é a formação da opinião crítica.

Como é que é seu relacionamento com as assessorias de imprensa nesse contexto que você está falando?

HB: Eu sempre me relacionei bem com as assessorias de imprensa, da seguinte forma: podem mandar toda sugestão de pauta, para eu saber se tem notícia ou não. Se é relevante ou não. Se tem interesse público ou não. Se tiver eu faço. Se não tiver, eu não faço. Porque o interesse privado quando coincide com o interesse público, passa a ser de interesse público.

Essa é a sua definição de notícia? 

HB: É uma das formas. Se for de interesse público é notícia. Eu não posso, por exemplo, fazer uma matéria dizendo assim: Uma grande empresa de automóveis lança num determinado supermercado um saldão que parou a Marginal. E no outro dia eu escrevo: O teto de tal supermercado caiu. Ou seja, eu dou o nome do supermercado quando cai o teto, mas não dou o nome quanto a outro acontecimento relevante, que é uma venda, pois as pessoas podem suspeitar que eu esteja recebendo alguma graninha ou do supermercado ou da montadora de automóvel para dizer o nome da marca. Eu acho que é uma hipocrisia que, infelizmente, nós ainda não ultrapassamos. Estou falando no geral, do jornalismo brasileiro.

Para que o Brasil transite para uma democracia que sai dessas duas prestações de 25 anos e chegue a uma democracia plena, qual seria o referencial nesse campo de mídia, de televisão, seria só a Inglaterra ou teria outros referenciais?

HB: Há referenciais históricos como Inglaterra, EUA, a França, etc. Mas há um referencial agora de ordem tecnológica, que é uma coisa que as pessoas não estão olhando. Eu faço um pequeno trabalho aqui na periferia de São Paulo. O que a molecada mais gosta lá é de uma rádio WEB que nós desenvolvemos. A molecada toda interage, mandando pequenas notícias que são coisas de interesse da comunidade. Coisas que não podiam fazer antes, mas que hoje estão fazendo. Nós estamos deixando de ser apenas os receptores e estamos sendo, também, emissores de notícias. Emissores de comentários, emissores da nossa maneira de ser. E não é só o pessoal que tem seus grandes lap tops não. Lá na Lan house, lá na periferia, o pessoal faz isso. É uma transformação, bem vinda!  De baixo para cima, cavalgando nessa tecnologia.

Além dessa, que outras tendências você vê no caso brasileiro hoje?  

HB: Há um amadurecimento de determinadas camadas da população brasileira, graças à ascensão econômica que está havendo no Brasil, desde o começo do governo Lula para cá. Propiciou as pessoas a entrarem em determinados lugares, onde elas não entravam. Elas começaram ver coisas que elas não sabiam que existiam. Eu me lembro que lá na periferia, a escolinha fazia uma excursão para levar as crianças ao shopping. Elas nunca tinham entrado no shopping. Que dizer, eu não estou dizendo no aspecto consumista. Antes, as crianças não entravam, eram crianças da periferia. Em suma, elas viram que existe outro mundo. E aquilo desperta obviamente o desenvolvimento das pessoas. Isso ajuda, também, a construção dessa sociedade.

Os conselhos de comunicação que os governos estão criando vão evitar a manipulação do noticiário, despertar o espírito crítico? 

HB: Não. Quem vai mudar é a sociedade. Falo da igreja, da paróquia, da sociedade amiga de bairro, do sindicato, da central sindical. Eu estou falando das organizações que a sociedade monta. Não se dá importância à essas pequenas organizações porque no Brasil tudo é centralizado. Nós temos, também, é uma história de achar que o país descentralizou com a República. Na verdade o nosso federalismo, pelo contrário, ele não federalizou coisa nenhuma.   O poder sempre foi central no Brasil e, historicamente, sempre foi unitário e continua sendo. A arrecadação de impostos vai toda para mão do Governo Federal e ele distribui. Quem tem o dinheiro manda! Mas eu acho que a sociedade, como uma neoplasia, está descobrindo pequenos filetes, pelos quais ela circula.

Qual é a mensagem que você dá para quem está iniciando hoje na televisão, para aquele jornalista que está começando nesse mundo da notícia eletrônica?

HB: A minha sugestão, na verdade, é a seguinte: jornalismo é jornalismo, não importa em qual plataforma ele se propaga. O jornalismo de televisão não é diferente do jornalismo de rádio, não é diferente do jornalismo de jornal. Jornalismo é jornalismo. As regras são as mesmas. O interesse público é o mesmo. O critério de avaliação, de relevância é o mesmo. E, principalmente, os parâmetros éticos são os mesmos. Pode-se  dizer: mas tem a tecnicidade de cada um deles. Sim. Mas são coisas que com cursos de final de semana, eu resolvo. Eu não posso entrar numa faculdade de jornalismo e ficar 6 meses aprendendo a lidar com um equipamento. Vou lá ao SESC, num curso de final de semana e aprendo. O que eu preciso discutir? A relevância social do jornalismo. A importância, a contribuição que o jornalismo tem para a democracia. Isso não se discute nas escolas. Elas pegaram o essencial e fizeram isso virar o supérfluo e pegaram o supérfluo e fizeram disso o essencial.

O supérfluo é a coisa técnica?

HB: O supérfluo é o técnico. É você mandar um e-mail, é entrar na internet. Isso eu não posso aprender na faculdade. O que eu tenho que discutir na universidade é o seguinte: Como é que nos ajudamos a construir democracia com notícias corretamente apuradas. Uma coisa que nós não fazemos: não damos direito de resposta. E direito de resposta deveria ser uma questão ética, e não uma questão legal, ou tem que ser os dois simultaneamente.

Em outras palavras, nós estamos muito atrasados?

HB: Nós estamos mudando. Estamos melhor que há 5 anos.

Qual é sua visão de futuro nessa mudança?

HB: Cada vez mais, há possibilidade de receber notícias, de divulgá-las sem passar pelas artérias principais, que são os grandes núcleos de comunicação que existem no país. Nós não dependemos mais deles. Antes se dependia, hoje não se depende mais. Nem língua é mais barreira para se saber coisas. Porque eu não falo alemão, mas se eu souber que tem uma reportagem o programa do computador traduz de uma maneira que eu possa entender. Tudo está fervendo. O caldeirão está fervendo.  
                                   
Ricardo Bressan é jornalista, MBA em gestâo da Comunicação Empresarial pela Aberje, consultor em Comunicação Organizacional  e colunista da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (e-mail: ricamabre@hotmail.com)

Francisco Viana é jornalista, mestre em filosofia política pela PUC-SP, consultor de empresas e autor do livro Hermes, a divina arte da comunicação. É diretor da Consultoria Hermes Comunicação estratégica (e-mail: viana@hermescomunicacao.com.br)