sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A "grande" mídia dá o veredito


Vejo a situação de Patricia Moreira, como a de seu clube, o Grêmio, eliminado da Copa do Brasil pelo "ato de racismo”, que o sensacionalismo de fatos fúteis, em detrimento daqueles que devastam nações, têm projeções que não condizem com a verdadeira função da imprensa: informar, reportar e esclarecer os fatos à opinião pública.
Na maioria dos casos, a irresponsabilidade dos formadores de opinião é evidente, não se importam com a imagem e reputação de seres humanos e organizações.

A "grande" mídia influência a opinião pública de forma geral, inclusive o poder legislativo, executivo e judiciário.
Patricia foi acusada de racismo por ter chamado  o Aranha, jogador do Santos, de “macaco”.

Num ímpeto impulsivo de torcedores fanáticos, por mais ofensivas que pareçam as frases por eles proferidas, não se configuram, em minha opinião, como práticas efetivas de preconceito racial.
Quantos de nós, num happy hour, nas rodas de amigos, no auge da euforia, em festas de família, contamos piadas preconceituosas sobre gays, negros, portugueses, etc?

A garota serve de "bode expiatório", teve sua imagem e reputação prejudicada por aquilo que a imprensa potencializa como um caso grave de preconceito.
O foco está em Patricia e não no genocídio praticado ao povo miserável islâmico que, apesar do extremismo, é grande vítima do poder inexorável do capitalismo e seu maior representante, os EUA.

                        

Não que seja correto e concorde com a máxima: "olho por olho, dente por dente", mas quando um membro do Hamas é projetado, exclusivamente pela mídia, como vilão ("Obama, enquanto continuarem matando nosso povo, faremos o mesmo com o seu"), vejo que a estratégia midiática é desviar nossa atenção das causas realmente importantes para "espetacularizar" o irrelevante.

                   
                     

Mesmo conhecendo a cultura do povo islâmico, a causa da guerra não é religiosa, mas, sim, política e econômica, graças à ambição do governo americano. O cerne dos preconceitos e das indiferenças está nos signos que as organizações de poder criam.
A perspectiva preconceituosa e racista não é "acidental", muito menos o resultado de uma tradição.
O "estrangeiro" sempre funcionou como uma espécie negativa, a uma perspectiva exacerbada pelos Estados, como componente fundamental à elaboração de um mecanismo criador de identidades falaciosas e excludentes.

Como diz Dawkins1: "uma das razões para o grande apelo exercido pela teoria da seleção de grupo talvez seja o fato de ela se afinar completamente com os IDEAIS MORAIS E POLÍTICOS partilhados pela maioria de nós. Como indivíduos ou organizações, não raro, nos comportamos de forma egoísta (identidade). Nos momentos idealistas reverenciamos e admiramos aqueles que colocam o bem-estar dos outros em primeiro lugar (imagem)".
Continuemos ridicularizando a "grande vilã" Patricia, e esqueçamo-nos do "ser" político e democrático.
O que importa é o "shownalismo".
“A descoberta final é que somos fundamentalistas. Esses fundamentos são os sapatos com os quais caminhamos pela vida. Embora úteis, não deixam de ser uma superfície artificial que nos isola do solo vivo. Sair da construção desses fundamentos nos faz conhecer o alivio e a possibilidade de expansão. E aí, muito além do conforto do sapato, podemos conhecer o que é ‘santo’, o que é essencial.”
Nilton Bonder 2

DAWKINS,Richard – O Gene Egoísta 8ª. Ed. Companhia das Letras, 2013. Dawkins é etólogo, biólogo evolutivo e escritor britânico. Fellow emérito do New College , Universidade de Oxford.
Rabino Nilton Bonder é escritor reconhecido nacional e internacionalmente como pensados nas áreas de humanismo, filosofia e espiritualidade.

Fonte: Aberje

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