quinta-feira, 14 de maio de 2020

RESPONSABILIDADE SOCIAL NÃO É SOLIDARIEDADE OU FILANTROPIA

A GRANDE MÍDIA RESOLVEU DAR UMA NOVA SIGNIFICAÇÃO AS EMPRESAS QUE CUMPREM COM SUAS OBRIGAÇÕES OU RESPONSABILIDADES SOCIAIS: SOLIDARIEDADE S/A
Por que, com a atual crise, desencadeada pela pandemia de coronavírus, ações que não passam de responsabilidades sociais e obrigações das grandes empresas, para com seus públicos de interesse, passam a ser chamadas de solidariedade?
Em primeiro lugar, para responder essa questão, é necessário saber qual a importância do ativo intangível para as organizações. Assim, é bom que saibamos, que, esse tipo de ativo, está voltado para a identidade corporativa, para sua valoração e projeção institucional, não comercial, num primeiro momento, que a médio e a longo prazo, agrega valor à organização, trazendo, futuramente, o retorno financeiro esperado. Esse tipo de investimento está intrinsicamente ligado a cultura, ou seja, as virtudes e aos valores institucionais.
Nessa linha de pensamento, constata-se que a projeção da imagem, por meio do fortalecimento da identidade, ou seja, o que a instituição realmente é, como ela se comporta, do ponto de vista ético, com relação aos seus públicos de interesse ou stakeholders, possui um forte simbolismo para agregar qualidades ao longo de sua trajetória. Estamos falando de virtudes, do ativo voltado para tudo aquilo que não se pode tocar, mas que tem grande valor para a empresa.
O tripé da sustentabilidade, também, chamado de triple bottom line, é a ferramenta que melhor mensura os ativos intangíveis do ponto de vista econômico, mas, principalmente, do ponto de vista social e ambiental.

Neste artigo, vamos tratar somente do aspecto social, que se refere ao tratamento do capital humano da sociedade, que determina onde a empresa está inserida. É esse o aspecto que nos importa, quanto a responsabilidade das empresas frente a pandemia de COVID-19.
Com a explicação dada, já podemos responder à pergunta que não quer calar. Não é solidariedade, pois, as ações sociais, não passam de obrigações e responsabilidades, com objetivo de projetar a marca por meio da valoração dos ativos intangíveis.
A atual crise faz emergir a personalidade das instituições, que não se comprometem com aqueles que as compensam.

As empresas que realmente podem manter seu quadro de funcionários parados, sem demiti-los, durante o período de quarentena, não fazem mais que sua obrigação, pois, assim, procedem por terem um fundo de reserva destinado a prevenção de crises. Aquelas que investem nos ativos intangíveis em prol do seu público de interesse, não estão doando ou fazendo filantropia, estão somente valorizando a reputação e a imagem da sua identidade.
Ajudar os stakeholders, pois são esses que vão manter as operações das empresas ativas, após o período de pandemia, é obrigação, responsabilidade e investimento. Sendo assim, contribuições em hospitais de campanha e doações não são filantropias, mas acima de tudo inteligência e investimento intelectual de valoração organizacional.
As instituições que não têm um plano, não o fizeram, pois estão presas ao acúmulo de capital sem nenhuma responsabilidade para com seus públicos de interesse, como no caso das organizações Madero e Havan. A primeira demitiu 600 e a segunda 11 mil funcionários, metade dos seus empregados, pensando em preservar seus ativos, sem se importar com as condições que deixariam seus colaboradores, os principais responsáveis pela preservação e manutenção de suas operações. Empresas como essas devem ser rechaçadas pela sociedade, pagando assim o preço de suas irresponsabilidades. Infelizmente, não são as leis que vão punir essas atitudes, e sim os que são impactados diretamente pelo egocentrismo empresarial.
Hoje, o “boletim de ocorrência” não é só descrito e gravado nos registros da grande mídia, mas também nos arquivos das mídias digitais, ao alcance de um clique para qualquer interessado, por meio das ferramentas de busca.

Como define um dos grandes pensadores da contemporaneidade Richard Dawkins:
“Como indivíduos ou organizações, não raro, nos comportamos de forma egoísta (identidade). Nos momentos idealistas reverenciamos e admiramos aqueles que colocam o bem-estar dos outros em primeiro lugar (imagem).”
Na maioria das vezes, o “altruísmo” e a “solidariedade” das organizações se faz acompanhar pelo egoísmo e conflito de interesses entre elas. Aí a necessidade de uma política compensatória, entendendo-se, por isso, a função de cada uma delas, com foco nos seus objetivos e resultados, respeitando a cultura e a necessidade de todos os envolvidos direta e indiretamente ao processo.

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