quarta-feira, 27 de maio de 2015

Sociedade de abutres

Como diz o grande pensador Edgar Morin a linha tênue entre a neurose e a necrose torna-se cada vez mais evidente.
Há uns dias, assisti ao filme "O Abutre", protagonizado pelo excelente ator Jake Gyllenhaal.
O longa retrata a pragmática doentia que assola a humanidade.

No trailer, um outsider sobrevive à custa de furtos de arames de cobre para revendê-los a construtoras por um preço muito abaixo do praticado pelo mercado formal. Arrisca sua liberdade diariamente, ganha migalhas e não tem o reconhecimento da sociedade.

A questão primeira que se coloca é ética: quem seria pior, o ladrão ou o receptador de mercadoria roubada?
No decorrer do filme o protagonista encontra uma forma mais eficiente, inusitada e controversa para ganhar a vida: filmar acidentes de carro, assassinatos, incêndios e toda forma de desgraça cotidiana para vender os vídeos para emissoras de televisão os utilizar em noticiários sensacionalistas e tendenciosos.
Descobre que quanto mais sórdidas forem as imagens, mais mercado terá.
Um excelente negócio que parece dar, finalmente, conta de sua ambição. O personagem começa a prosperar financeiramente, e isso o vai deixando cada vez mais envolvido e eficiente no que faz.
No decorrer do longa, essa ambição de crescer cada vez mais o transforma num verdadeiro sociopata, e desvenda a camuflada existência de outros como ele: "membros produtivos da sociedade".
Assista, o final é estarrecedor e extremamente realista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário