segunda-feira, 1 de junho de 2015

O progresso da involução

A evolução técnica, a econômica e a científica são as grandes responsáveis pela involução da humanidade, e pela degradação do planeta Terra.
O progresso técnico não deve ser apreciado somente como uma evolução para o melhor. O que importa observar é o paradoxo: progresso involutivo, ou seja, o que se subtrai com o "progresso" técnico, material e urbanístico.
"A técnica pode ser utilizada para o melhor e para o pior. Incontrolados pelos seres humanos, as forças científicas/técnicas/econômicas conduzem a degradações irreversíveis, a começar pelas da biosfera que terão consequências extremamente nefastas para a sobrevivência da humanidade". Edgar Morin
Não devemos nos abster da evolução, mas reconhecer os principais potenciais de crise do progresso, responsáveis pela degradação da humanidade, e nos mobilizarmos para promover uma revolução que venha alterar as premissas da pragmática tecnicista e mecânica da progressão reducionista.
A ciência é elucidativa, mas ao mesmo tempo provoca a cegueira, na medida em que não consegue perpetrar uma revolução do progresso involutivo, que consiste em ultrapassar o reducionismo e a fragmentação do real, imposta pela metalinguagem produzida pelas organizações de poder e pelas disciplinas fechadas, ditatoriais e totalitaristas que obscurecem a verdadeira realidade dos fatos.
A barbárie ilusionista do cálculo "ignora o humano do ser humano": seu sentimento, entusiasmo e sofrimento.
Enfim, a ideia do humano, absorvida pelo senso comum, reduz o ser humano ao Homo sapiens, ao Homo faber, ao Homo economicus.
            
Fonte: 
Morin, Edgar. Rumo ao Abismo? Ensaio sobre o destino da humanidade. Editora Bertrand Brasil. Rio de Janeiro, 2011.

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